Milton de Almeida Santos nasceu em Brotas de Macaúbas no sertão baiano dia 3 de maio de 1926. Seus avós maternos eram professores primários mesmo antes da abolição. "Do lado paterno, devem ter sido escravos", declarou certa vez. "Não sei muito bem porque em minha casa me ensinaram a olhar mais para frente do que para trás." Seus pais também eram professores primários, uma família "humilde mas não pobre, e que tentou me dar uma educação para mandar, para ser um homem que pudesse, dentro da sociedade existente na Bahia, conversar com todo mundo".
Concluiu o curso primário em casa aos oito anos de idade. Como faltavam dois anos para ingressar no ginásio, seus pais lhe ensinaram álgebra, francês e boas maneiras.
Aos dez anos tornou-se aluno do tradicional Instituto Baiano de Ensino em Salvador. Pagava o internato onde moraria por uma década com o dinheiro que recebia lecionando geografia na própria escola. Milton atuou no jornalismo estudantil e foi um dos criadores da Associação de Estudantes Secundaristas Brasileiros. Seus colegas se opuseram à candidatura de um negro para presidente -- alegaram a dificuldade para discutir com autoridades. "E eu, menino, tolo e inexperiente, acabei perdendo a eleição." Milton era ótimo aluno em matemática e queria seguir engenharia, mas acreditava-se que a Escola Politécnica não aceitaria negros com facilidade. Como um tio seu era advogado, foi aconselhado a estudar direito. Formou-se na Universidade da Bahia em 1948 mas nunca exerceu a profissão. Dedicou-se à geografia, que ensinava desde os quinze anos. "A noção de movimento de idéias veio depois, mas a das mercadorias, das coisas, das pessoas talvez tenha me levado para a geografia", declarou. Também foi fundamental o contato com o livro Geografia Humana, de Josué de Castro. "Era uma espécie de história contada através do uso do planeta pelo homem. Aquilo me
impressionou."
Em 1948 Milton Santos publicou seu primeiro livro: O povoamento da Bahia. Prestou concurso público para professor secundário e foi lecionar em Ilhéus. Nesse período conheceu livros e revistas de geografia, alguns da Associação Brasileira de Geógrafos (AGB), então concentrada no eixo Rio-São Paulo. Milton resolveu participar de uma reunião da AGB, que acontecia em Uberlândia(MG), para perplexidade dos não mais de 30 profissionais reunidos. Nessa ocasião conheceu Aziz Ab'Sáber, de quem se tornaria amigo. Ab'Sáber recorda-se que Milton insistia em discussões teóricas entre determinismo e possibilismo enquanto problemas analíticos estavam em pauta. "Demos risada, mas ele era simpático e inteligente, eu e alguns professores nos aproximamos dele."
Milton passou a convidar professores de geografia paulistanos para da conferências e cursos de férias aos alunos da Universidade Católica de Salvador, onde atuou entre 1956 e 1964. Também era correspondente na região do cacau para o jornal A Tarde, o mais lido na Bahia à época.
A discussão teórica entre determinismo e possibilismo remonta à institucionalização da geografia, na França e Alemanha na primeira metade do século 20. O determinismo é o modelo alemão, segundo o qual o ambiente dita as características do indivíduo. O possibilismo francês especula que pode haver inúmeras variações dos efeitos ambientais sobre o homem.
Raquel Aguiar
Ciência Hoje/RJ
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Geógrafo precoce. Embora formado em direito, Milton Santos começou a lecionar geografia aos 15 anos - 2ª parte
sábado, 22 de janeiro de 2011
30% das fontes de água do país têm qualidade ruim ou péssima
Pesquisa da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica mostra que as fontes de água no país estão cada vez mais poluídas e que, diante disso, a saúde da população corre risco. Ao analisar coletas de 43 corpos d´água, em 12 estados e no Distrito Federal, a ONG verificou que nenhuma amostra foi considerada boa ou ótima.
As análises foram feitas ao longo de 2010. Com base em parâmetros definidos pelo Ministério do Meio Ambiente, o estudo revela que em 70% das coletas feitas em rios, córregos, lagos e outros corpos hídricos, a qualidade da água foi considerada regular. Em 25%, a qualidade era ruim e em 5%, péssima. Em visitas a pontos de educação ambiental da ONG, foi avaliada a qualidade da água para consumo e concluiu-se que as águas precisam de tratamento para qualquer uso, seja para o consumo ou para indústria. Nos locais visitados, também foi constado que o principal agente de poluição é o esgoto doméstico.Indicadores da falta de saneamento básico, como a presença de coliformes, larvas e vermes, lixo e baixa quantidade de oxigênio na água, além de dez propriedades físico-químicas foram testadas pela ONG. Das 43 coletas analisadas, o pior resultado foi a do Rio Verruga, em Vitória da Conquista (BA), e a do Lago da Quinta da Boa Vista, no Rio. Em condição um pouco melhor, mas ainda considerada regular e, consequentemente imprópria para consumo, estavam as amostras coletadas no Rio Doce, no município de Linhares (ES), e na Lagoa de Maracajá, em Lagoa dos Gatos (PE).
´A poluição está muito mais vinculada à emissão de efluentes domésticos que industriais, ultimamente´, disse o geógrafo do projeto, Vinicius Madazio. ´É um problema porque 60% dos brasileiros vivem na (região de) Mata Atlântica´, completou, reivindicando que as políticas públicas de saneamento básico sejam prioridade do governo e da sociedade. A qualidade da água é um das preocupações da Organização das Nações Unidas (ONU), que declarou o período entre 2005 e 2015 a década internacional Água para Vida. Em 2006, a instituição estimou que 1,6 milhão de pessoas, principalmente crianças menores de cinco anos, morram anualmente por causa de doenças transmitidas pela água. Procurados, o Ministério do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Águas (ANA) não comentaram a pesquisa.
Fonte: Agência Brasil
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
A PARTIR DE REPORTAGENS EFETUADAS EM 2001 PELA REVISTA CIÊNCIA, O BLOG HOMENAGEIA E TRAÇA O PERFIL DE MILTON SANTOS - 1ª PARTE
O militante de idéias
Geógrafo Milton Santos criticou a globalização mas acreditava em transformação social
"O sonho obriga o homem a pensar"
Milton Santos
Milton Santos (1926-2001) é considerado o maior geógrafo brasileiro pelos colegas de profissão. O professor de voz calma e olhar tranqüilo sublinhou o aspecto humano da geografia e criticou a globalização perversa. Via na população pobre o ator social capaz de promover uma outra globalização, que defendeu em livros e conferências pelo mundo.
Milton nasceu em Brotas de Macaúbas (BA) a 3/5/26 e faleceu em São Paulo a 24/6/01.
Milton introduziu importantes discussões na geografia, como a retomada de autores clássicos, e foi um dos expoentes do movimento de renovação crítica da disciplina. Preocupado com a questão metodológica, construiu conceitos, aprofundou o debate epistemológico e buscou na transdisciplinaridade uma visão totalizadora da sociedade.
Esquerdista convicto, não se filiou a partidos: "não sou militante de coisa alguma, apenas de idéias", diz em uma de suas frases mais divulgadas. O estilo independente revela a influência sartreana desse brasileiro que se celebrizou na França, onde obteve o doutorado e lecionou durante a ditadura. Apesar da complexidade de seu pensamento, o alcance das idéias de Milton pode ser medido pela repercussão de uma entrevista concedida ao programa Roda Viva em 1998: os telefones ficaram congestionados com pessoas emocionadas, agradecendo a emissora pela transmissão.
Sua produção acadêmica não permite modéstia: são cerca de 40 livros e 300 artigos científicos. Foi o único estudioso fora do mundo anglo-saxão a receber o mais alto prêmio internacional em geografia, o Prêmio Vautrin Lud (1994). Considerada equivalente ao Nobel na Geografia, a láurea marcou o reconhecimento de suas idéias no Brasil.
Milton foi consultor da Organização das Nações Unidas, da Unesco, da Organização Internacional do Trabalho e da Organização dos Estados Americanos. Também foi consultor em várias áreas junto aos governos da Argélia, Guiné-Bissau e Venezuela. Possuía 13 títulos de doutor honoris causa, recebidos no Brasil, França, Argentina e Itália, entre outros. Foi membro do comitê de redação de revistas especializadas em geografia no Brasil e exterior. Fez pesquisas e conferências em mais de 20 países, dentre eles Japão, México, Índia, Tunísia, Benin, Gana, Espanha e Cuba.
Recebeu em 1997 o prêmio Jabuti pelo melhor livro em ciências humanas: A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. Em 1999 recebeu o Prêmio Chico Mendes por sua resistência. Foi condecorado Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1995. Hoje, o geógrafo tantas vezes laureado empresta seu nome ao Prêmio Milton Santos de Saúde e Ambiente, criado pela Fundação Oswaldo Cruz.
Milton Santos nunca participou de movimentos negros -- acreditava que deveriam conquistar reconhecimento em atitudes como, por exemplo, ingressar na universidade. "Minha vida de todos os dias é a de negro", declarou. "Mantenho com a sociedade uma relação de negro. No Brasil, ela não é das mais confortáveis."
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA ÁGUA CONSUMIDA NO MUNICÍPIO DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS, BRASIL
UMA BREVE ANÁLISE
*Tiago Sandes Costa
*Hélder da Silva Oliveira
Municípios em todo o Brasil principalmente os da região nordeste, passam por verdadeiras calamidades, e não são por causa de chuvas ou outros fenômenos, mas sim pela falta de água que assola toda uma população. Vários fatores podem ser condicionantes para o desabastecimento da água, dentre eles, fatores naturais como a seca, fatores ambientais com a degradação do meio ambiente e da própria funcionabilidade dos sistemas que abastecem as cidades com o seu sucateamento. Estes problemas pedem ser amenizados com políticas públicas, mas com responsabilidades para com a recuperação de área ambiental. O ambiente é o principal ícone a ser investigado e estudado no município de Palmeira dos Índios localizada na região agreste de Alagoas. Esse tema causa bastante discussão onde for enfocado, e o aprofundamento dessa discussão trás a tona a imensidão desse problema, que deveria ser uma solução se fosse tratado de forma racional.
Quais os impactos ambientais verificados no município que influenciam no abastecimento de água? Essa é a grande razão do estudo a ser desenvolvido, partindo de uma questão ambiental que é a degradação.
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E ABASTECIMENTO D’ÁGUA
Por ter referencia de vida, o tema “água” é o alvo dos grandes debates em todo o mundo. Desde em que esse tema tomou proporções bastante amplas, devido principalmente sua falta em áreas que não tinham o registro de problemas, que governos estão bastante cautelosos ao tratar da água. Um dos problemas que altera completamente e pode torna-se uma fatalidade à medida que aumenta a agressão ao meio natural, são os impactos causados pela ação do homem nas reservas hídricas. As nascentes são as veias aorta para a vida dos rios, e quando esse ambiente é de alguma forma degradada, a possibilidade desse rio transmitir sua vida é mínima. E isso é cada vez mais se vê o aumento da destruição, ao ponto de termos que delimitar áreas para não serem atingidas pela ação humana. “Consideramos como espaço natural àquele que resultou da própria evolução das condições naturais, sem que tenha havido interferência da ação do homem”. (ANDRADE, 1998 p. 28). Podemos observar nosso meio que quase não existe espaço natural, quase todo esse espaço já foi modificado pelo homem.
Precisa-se preservar para manter a sustentabilidade da vida nos rios, lagos, nascentes e conseqüentemente manter a vida dos seres humanos. “A precipitação é um importante fator-controle do ciclo hidrológico e, portanto, da regulagem das condições ecológicas e geográficas de uma determinada região”. (COELHO NETTO, 1992 P. 100). Esse é um dos fatores fundamentais para a não agressão ambiental, cuidando da sua vegetação natural para manter a continuidade deste ciclo. É possível notar a diferença de vazão em áreas onde suas matas são conservadas em relação a situações em que já não há reminiscência de sua vegetação original.
Como toda causa tem seu efeito correspondente, todo o beneficio que o homem extrai da natureza tem certamente também seus malefícios. Desse modo, parte-se do principio de que toda ação humana no ambiente natural ou alterado causa algum impacto em diferentes níveis, gerando alterações com graus diversos de agressão, levando às vezes as condições ambientais a processos ate mesmo irreversíveis”. (ROSS, 1997 p. 14).
Como descreve o autor, situações hoje que não são levadas a sério podem no futuro acarretar um alto grau de tragédia para a vida no planeta.
À medida que a população de uma cidade cresce, surgem vários fatores que podem modificar todo o espaço natural, transformando-o em espaço geográfico. Problemas no abastecimento d’água indicam um mau planejamento na funcionabilidade e também de caráter ambiental que gera desconforto na população. Tem que se preocupar com a qualidade da água oferecida à população, para que se possa contribuir para uma vida mais saudável.
A busca por respostas para o questionamento da real situação do espaço geográfico que determina o desabastecimento de água pode resultar nas questões levantadas sobre o atual estado do meio ambiente e seus fatores naturais juntamente com o não acompanhamento do aumento populacional em Palmeira dos Índios. Um levantamento ambiental dará uma esquematização do grau de preocupação com os recursos hídricos do nosso município.
De certa maneira, precisa-se viabilizar o mais rápido possível, e de maneira em que o ambiente não seja o mais penalizado e devastado, a regularização e a melhoria do abastecimento de água, que com certeza daremos um grande salto para o desenvolvimento, melhorando a qualidade de vida. Não se pode deixar a política para essas áreas padecer, o investimento na recuperação de áreas de degradação ambiental são fundamentais para sua plena recuperação e tomada de desenvolvimento com sustentabilidade pelo próprio meio ambiente. Sabemos que a partir do momento que em que se recupera uma área devastada, as possibilidades de reestruturação são enormes ampliando um leque de fortalecimento ambiental. Tudo isso reflete no nosso cotidiano, em contextos diferenciados, mas que certamente podemos perceber a diferença. “Cada vez mais busca-se alternativas de gestão da água, seja através de canalização, barragens, açudes ou construções de reservatórios nos leitos dos rios”. (CÂMARA, 2002 p. 31).
Temos que buscar alternativas para conseguirmos restaurar os nossos ecossistemas ambientais de forma a garantir a sustentabilidade do meio ambiente.
CONSIDERAÇOES
Para a concretização de uma pesquisar tem que se existir uma linha para que possamos nos orientar e podermos dinamizar as questões relevantes nas relações de pesquisa em campo. Um tema tão abrangente como esse que releva toda uma discussão, em vários setores da sociedade, das áreas cientifica e governos, propõem uma maior dedicação na aquisição de dados relevantes para posteriormente publicar uma consideração sobre determinado aspecto de uma região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Manoel Correia de, Geografia Econômica. São Paulo, SP. 12ª edição, ed. Atlas S.A. 1998.
CÂMARA, João B. D., Democratização e Gestão Ambiental. São Paulo, SP. 3ª edição. Ed. Vozes. 2002.
COELHO NETTO, A. L., O Geoecossistema da Floresta da Tijuca, in natureza e sociedade no Rio de Janeiro, Organizado por ABREU, M. A., Coleção Biblioteca Carioca, Vol. 21, 104-142, 1992.
ROSS, Jurandir Luciano Sanches, Geomorfologia Ambiental e Planejamento. São Paulo, SP. Ed. Contexto. 1997.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
FATORES DE DEGRADAÇÃO DO RIO IPANEMA NO PERÍMETRO URBANO DE SANTANA DO IPANEMA – AL.
Alba Cíntia Duarte Felix
Andressa Santos de Goes
Jôsy Alves Rocha
Libânia Melo de Oliveira
Railma Alencar Correia da Silva
Os problemas relacionados à degradação ambiental é uma realidade que vem se intensificando a cada dia. O quadro atual de pressões sobre o meio ambiente na cidade de Santana do Ipanema concentra-se no Rio Ipanema, aonde ao longo de décadas vem sendo tratado com descaso, ocasionando a deterioração, através da urbanização e poluição.
O Rio Ipanema é temporário, porém não deixa de ser essencial para a vida do sertanejo. Depois que nasce em Pesqueira-PE, desce por Itaíba, Águas Belas, chega a Alagoas em Poço das Trincheiras, passa em Santana do Ipanema, cruza Olivença, Batalha e deságua em Belo Monte no Rio São Francisco, por isso é importante salientar que o Rio Ipanema é fundamental para atuação deste.
O presente trabalho busca investigar as causas da degradação ambiental do Rio Ipanema no perímetro urbano de Santana do Ipanema - AL. Sabemos que nesta região a escassez da água constitui um forte entrave ao desenvolvimento socioeconômico. Dessa forma, pretendemos conhecer as políticas de preservação do Rio Ipanema e suas principais formas de degradação.
Assim, selecionamos alguns objetivos para melhor direcionarmos nossa pesquisa. São eles: a) verificar como o processo de urbanização da região influenciou na poluição do rio e na destruição das matas ciliares; b) analisar de que maneira o Rio Ipanema é utilizado pela comunidade de Santana do Ipanema e c) Investigar a existência de processos de recuperação do Rio Ipanema.
Portanto, busca-se, por meio desta pesquisa, o início de uma nova fase de preocupação e conscientização da população sertaneja para que possamos permitir a gerações futuras a garantia de utilização dos recursos naturais ainda hoje disponíveis.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS
Ao iniciarmos nossa pesquisa procuramos, primeiramente, conceituar nossa temática. Assim, para detectarmos os fatores de degradação do Rio Ipanema, temos que compreender o significado da palavra degradado. Silva (2010, p.28) coloca que “degradado” refere-se ao rio que distanciou-se significativamente de sua condição de “intacto”, mas não se deu início à sua recuperação. Seus canais estão sempre em um estágio de desequilíbrio, tentando ajustar-se ao distúrbio.
A legislação ambiental brasileira define, atualmente, como rio degradado aquele que, por causas diversas, sofreu impactos ambientais e apresenta uma ou mais das características estabelecidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (1986), tendo suas águas afetadas de maneira parcial ou totalmente ao longo do seu curso. (SILVA, 2010, p. 24)
Em contraposição o mesmo autor afirma que um rio é dito em equilíbrio quando nele não se verifica nem erosão, nem deposição de material em qualquer ponto de seu curso. Nas condições de equilíbrio, o rio é capaz de transportar todo o material fornecido pelas vertentes. (2010. p. 26)
Dessa forma, podemos classificar o Rio Ipanema como um rio degradado, pois o mesmo sofreu alterações diversas. O rio em questão tem o seu leito transformado em esgoto a céu aberto, com a deposição de resíduos sólidos (lixo) em suas margens, criação de animais dentro do leito do rio, a exemplo de porcos e cavalos e ainda recebe os restos mortais expelidos pelo matadouro público que fica situado as margens do Rio Ipanema.
No caso específico do Rio Ipanema seria necessário um processo de “Restauração”, que ainda segundo Silva (2010, p.27) consiste no restabelecimento das funções aquáticas e das características físicas, químicas e biológicas próximas às existentes antes do distúrbio; é um processo holístico que não é alcançado através da manipulação de elementos individuais.
Contudo, o processo o restauração não pode ser executado por qualquer um e a qualquer tempo, se faz necessário um projeto elaborado a partir de estudos científicos, mas que conte com a efetiva participação da sociedade, principalmente no tocante à conscientização e preservação do rio.
2.2 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES
O Rio Ipanema, desde muitos anos, vem sendo ameaçado constantemente pela população santanense, isto acontece pelo fato do seu leito se encontrar próximo ao centro urbano e a ausência de uma política sistemática de conscientização sobre a importância do Rio para a região de Santana do Ipanema, interior do Estado de Alagoas.
Santana do Ipanema é uma das principais cidades do sertão alagoano. Nesta região o regime pluviométrico é marcado por extrema irregularidade de chuvas. Sua população, principalmente da área rural, sofre demasiadamente com os períodos de seca que anualmente acometem a região.
O município de Santana do Ipanema está inserido na bacia hidrográfica do Rio Ipanema, que atravessa sua porção central, banhando sua sede. Esperava-se assim que este rio, mesmo sendo temporário, amenizasse o problema da seca ao menos nas comunidades ribeirinhas. No entanto, ao longo de décadas, o Rio Ipanema vem sofrendo inúmeras alterações de caráter antrópico, ocasionando a sua degradação, como poluição das águas, perda da mata ciliar, erosão, etc.
Há uma demanda, cada vez maior, por abastecimento de água nos diversos setores da sociedade e somado a ela vem ocorrendo uma crescente degradação dos corpos hídricos, a qual tem se dado devido às pressões sociais por espaços a serem ocupados, às práticas econômicas ecologicamente inadequadas, como também, a de negligência das autoridades públicas que permitem com que, em grande parte dos municípios brasileiros, haja o lançamento de efluentes domésticos e industriais, sem qualquer tratamento diretamente nos rios. (SILVA, 2010, p. 23)
De acordo com dados coletados pela ONG Arte, Cultura e Meio Ambiente – ACEMA, a causa principal da poluição do Rio Ipanema é a vazão de esgoto doméstico das cidades e não o despejo industrial, como era antes acreditado. Contudo, junta-se a isso o lixo e o esgoto lançados pelas comunidades locais, o desmatamento da mata ciliar, a criação de animais dentro do leito do rio, etc.
Ainda segundo a ACEMA, não existe qualquer estrutura de saneamento básico, a coleta de resíduos sólidos da área urbana é efetuada de forma precária em função da ausência de equipamentos.
De acordo com a Lei 9.433 de 1997 que rege sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos, voltadas para ambientes fluviais degradados, em seu Capítulo I, incisos VI: a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Fica evidente a responsabilidade tanto do setor público como da comunidade em geral na preservação e nos processos de restauração do rio em questão.
Assim, no Projeto QUERO VER MEU RIO LIMPO, a ACEMA comenta a possibilidade de um trabalho integrado, mas que torna-se inviabilizado por depender de uma genuína vontade política, de meios financeiros e ainda do envolvimento da comunidade.
As comunidades locais enfrentam sua fragilidade institucional e técnica no contexto das relações sociais mais amplas. No entanto, é preciso recuperar a idéia de cidade como projeto coletivo, garantindo a legitimidade e governabilidade. (ACEMA)
Desta forma, a recuperação do Rio Ipanema – aí entenda-se recuperação como um processo destinado a adaptar um recurso “selvagem” ou “natural” para servir a propósito utilitário humano, dispondo um recurso natural para um novo uso ou um uso modificado (SILVA, 2010, p. 27) – tem que ser um processo contínuo para assegurar sua eficácia, onde cada município banhado por suas águas dê sua parcela de contribuição. De maneira que os projetos implantados estejam fundamentados em conceitos científicos para não apresentarem falhas e a comunidade trabalhe concomitantemente a estes projetos a questão da conscientização a curto, médio e longo prazo.
Sabemos que a existência de um rio em um determinado local supõe uma série de fatores que contribuem fortemente para o desenvolvimento do potencial econômico, social, cultural e turístico da região. É dessa forma que enxergamos no Rio Ipanema inúmeras possibilidades de desenvolvimento econômico. Mas, no entanto, a carência de estudos de abrangência regional, fundamentais para a avaliação da ocorrência e da potencialidade desses recursos, reduz substancialmente as possibilidades de seu manejo, inviabilizando uma gestão eficiente (ESTADO DE ALAGOAS, 2005, p. 1).
É sabido que a maior vantagem comparativa da cidade é seu patrimônio urbano e arquitetônico, sua diversidade ambiental e as possibilidades paisagísticas. Deve ser considerado como parte importante do seu capital natural e construído da mais alta qualidade e permanentemente valorizado, adotando estratégias de manutenção para evitar que entre em processo de obsolescência. (ACEMA)
Então, além dos processos de recuperação, conscientização/preservação, se faz necessários projetos para uma utilização do Rio Ipanema que gere renda, desenvolvendo seu potencial turístico e principalmente criando melhores condições de vida às comunidades locais.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho nos valemos da abordagem Qualitativa ao pesquisarmos os pressupostos básicos para conhecimento da temática. Posteriormente, utilizamos a abordagem Quantitativa na coleta de dados estatísticos.
Realizamos estudo bibliográfico, através de livros e artigos científicos extraídos da internet. Buscando analisar conceitos envolvidos nas propostas de manejo de rios existentes atualmente, bem como as formas de atuação diante das alterações identificadas. Analisamos documentos cedidos pela ONG Arte, Cultura e Meio Ambiente e ainda as diretrizes, em nível nacional presentes na Lei nº 9.433/97 voltadas para os ambientes fluviais degradados.
A pesquisa teve caráter exploratório-descritiva, onde realizamos entrevistas, estudos de caso, análise de fotografias, etc. No intuito de construir hipóteses, bem como descrever as características do nosso objeto de estudo.
Os procedimentos foram os seguintes: a) visita para observação e levantamento de fotografias da região escolhida; b) visita a ONG Arte, Cultura e Meio Ambiente para coleta de material; c) contato com a comunidade para realização de entrevistas; d) análise bibliográfica e/ou documental para a construção do Artigo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com pesquisas feitas, através de questionários aplicados com relação ao Rio Ipanema na comunidade ribeirinha, percebe-se que a população está preocupada apenas com a poluição do Ipanema.
Foi constatado que a população ribeirinha despeja diversos tipos de lixo no Rio, desde o doméstico ao material de sucata. Essa ação ocasiona poluição e sérias consequências à sociedade, como a transmissão de doenças tais como verminoses, parasitoses, viroses, infecções entre outras.
Contudo, percebe-se que a população de fato se preocupa com a poluição, porém, não faz nada para diminuir esse problema. Além disso, preocupar-se apenas com a poluição não é o suficiente, pois ela não é o único fator de degradação do Rio.
Outro fator que contribui para a degradação do mesmo é a urbanização, mas a comunidade ribeirinha não demonstra nenhuma preocupação com este, talvez seja por falta de informação perante a sociedade, pois de acordo com relatos feitos pela comunidade, a mesma não sabe ao certo o significado de urbanização.
Dando continuidade, afirmações feitas pelas pessoas próximas ao Rio, demonstram que antes da urbanização o mesmo era menos poluído, e que com a migração das pessoas para a cidade o rio Ipanema tornou-se mais poluído, porém há quem afirme o contrário.
Pelo sim ou pelo não, o fato é que, ainda segundo essas pessoas, no passado, podia-se usar a água do Ipanema para o consumo, ou seja, utilizavam para lavar louças, roupas, tomar banho e todas as tarefas domésticas. O problema é que hoje essa prática deixou de ser exercida, pois a poluição chegou a um estado que impossibilitasse essa prática.
Além disso, a uma revolta da população em relação ao poder público municipal, pois de acordo com os moradores ribeirinhos, há um descaso muito grande por parte deste em relação ao rio Ipanema, pois não existe nenhum projeto político que vise diminuir a poluição ou até mesmo resolver o problema da degradação do Rio. Afirmam ainda, que algo só é feito para amenizar esse problema no período de eleições municipais, mas que de nada adianta, pois não há um projeto elaborado para ser realizado a longo prazo, apenas são tomadas medidas paliativas. Em outro momento, foi dito pela comunidade que vive a beira do Ipanema que a mesma despeja o lixo no Rio porque a coleta pública não abrange esta localidade, desse modo, a única alternativa é jogar lixo no Rio.
Um fato importante a ser observado, é que algumas pessoas dessa comunidade não utilizam a água do Ipanema, em contrapartida exercem a pesca para o consumo e o mercado. O curioso é que se há pesca no período de seca do Rio e com tamanha poluição, se fosse um Rio despoluído e tratado a pesca movimentaria a economia local.
Detectou-se ainda, a existência de uma empresa que joga entulho de seu material de trabalho diretamente no rio Ipanema, há também outra empresa que despeja seu lixo doméstico nas margens do mesmo. Com isso, prova-se que não há uma mínima preocupação em relação ao rio Ipanema.
Ademais, a população afirma ainda, que se houvesse um projeto político, ou de iniciativa não-governamental para resolver o problema da poluição e da consequente degradação, a mesma estaria disposta a ajudar e trabalhar para o bem comum, de forma que desejaria que o Rio fosse limpo para poder utilizar esse patrimônio natural para realização das tarefas domésticas e para o lazer de toda população.
5. CONCLUSÃO
Ao analisar toda a situação do Rio Ipanema, percebe-se que há uma falta de política governamental voltada para a preservação dos rios, no caso específico do Rio Ipanema, não existe nenhum projeto no sentido de conscientizar a população e/ou até mesmo não há nenhum projeto com intenção de recuperar o que já está degradado. Dessa maneira, é praticamente impossível que o Rio sobreviva a tanta poluição e descaso.
A população ribeirinha utilizava água do Ipanema para lavagem de roupas e consumo doméstico, vale lembrar que isso só ocorre na época das cheias, pois o Rio é temporário.
Sabe-se que maior parte do planeta é constituído por água, mais da metade do corpo humano também é constituído por água, então para qual finalidade poluí-se as águas dos Rios se sabe-se que nada existe sem água?
Mesmo sendo um rio temporário, ele pode trazer muitas benesses para o ser humano, assim como já está trazendo a pesca, por exemplo, é praticada na região de Santana do Ipanema em plena seca do Rio e em meio toda a poluição. Porque não elaborar um projeto para aproveitar todo o Rio na época das enchentes? Esse é o problema, não há incentivo por parte do poder público e muito menos do privado, dessa forma a população fica de "mãos atadas" em relação à recuperação do Ipanema. Vale ressaltar que há também falta de informação para com a comunidade local, pois segundo entrevistados, afirmam não entenderem a importância e a finalidade de um saneamento básico ou que cada vez mais há escassez de água no planeta Terra.
Como esperar da população atitudes de preservação do ambiente se ela mesma não compreende do que se trata? No caso do Rio Ipanema, não há a mínima preocupação por parte do poder público municipal, a comunidade ribeirinha afirma não haver coleta de lixo naquele local e que não há alternativa se não jogar todo o lixo no Rio.
Além disso, a população ribeirinha se preocupa apenas com a população fatores de degradação do mesmo, como a urbanização, por exemplo, as pessoas constroem suas casas nas margens do Ipanema a não levam em consideração que suas ações prejudicam a natureza e o funcionamento normal do rio. Vale lembrar que o Ipanema nasce em Pesqueira-Pe, desce por Águas Belas, Itaiba, chega a Alagoas em Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, cruza Olivença, Batalha e deságua em Belo Monte no rio São Francisco, mas é em Santana do Ipanema que seu leito se localiza no centro urbano, facilitando uma maior poluição do Rio.
Porém, não se pode deixar de mencionar a importância do rio Ipanema, pois o mesmo deságua no rio São Francisco que abastece a maior parte do Nordeste.
Desse modo, chegar-se-ia a um denominador comum se o poder público, responsável por cuidar do patrimônio natural do município, conscientizasse a população através de projetos específicos e se a população também se engajasse na busca por um Rio despoluído e saudável, dessa maneira, o Ipanema estaria longe de ser um Rio degradado.
6. REFERÊNCIAS
ACEMA. ONG Arte, Cultura e Meio Ambiente. Projeto Quero Ver Meu Rio Limpo. Santana do Ipanema - AL.
BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Disponível em:
ESTADO DE ALAGOAS, Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea, Diagnóstico do município de Santana do Ipanema. Recife, Ago. 2005. Disponível em:
SILVA. L. C. Manejo de rios degradados: uma abordagem conceitual. Revista Brasileira de Geografia Física. Recife, 15 jul. 2010. Disponível em:
População mundial: já somos 7 bilhões
A população mundial pode chegar à marca dos 9 bilhões até 2045. O planeta vai conseguir sustentar tanta gente?
Por Robert Kunzig
Foto de John Stammeyer
Certo dia no outono de 1677 na cidade holandesa de Delft, Antoni van Leeuwenhoek, um mercador de tecidos que se supõe ter servido de modelo para dois quadros de Johannes Vermeer - O Astrônomo e O Geógrafo -, saiu da cama, interrompendo de repente o que estava fazendo com sua mulher, e correu para a mesa de trabalho. Os tecidos permitiam a Leeuwenhoek ganhar a vida, mas o que o fascinava mesmo era a microscopia.
Leeuwenhoek possuía uma lupa minúscula e poderosa, feita por ele mesmo. Na Real Sociedade de Londres, sábios ainda estavam tentando comprovar a alegação anterior de Leeuwenhoek, segundo o qual havia milhões de "animálculos" invisíveis em uma única gota dágua de um lago e até mesmo no vinho francês. Agora ele tinha algo mais constrangedor a relatar: o sêmen humano também estava repleto daqueles animálculos. "Às vezes mais de um milhar", escreveu, "em uma quantidade pequena de material como um grão de areia." O holandês observou seus próprios animálculos nadando de um lado para outro, impulsionados por sua longa cauda.
Depois disso, Leeuwenhoek ficou obcecado. Embora a lupa lhe proporcionasse acesso privilegiado a um universo infinitesimal jamais visto, ele dedicou um tempo descomunal a examinar os animálculos hoje conhecidos como espermatozoides. E, curiosamente, foi o líquido seminal que extraiu de um bacalhau que o inspirou, quase por acaso, a tentar calcular a quantidade máxima de pessoas que poderiam viver na Terra.
Ninguém na época tinha a menor ideia, pois os censos eram raros. Leeuwenhoek, então, partiu da estimativa de que cerca de 1 milhão de pessoas viviam na Holanda. Recorrendo a mapas e noções de geometria esférica, ele calculou que a área terrestre habitada do planeta era 13 385 vezes maior que a da Holanda. Era difícil imaginar o planeta todo mais densamente povoado que o próprio país, que na época já parecia bastante apinhado. Portanto, sua conclusão triunfante foi a de que a Terra não poderia abrigar mais que 13 385 bilhões de pessoas - número até que pequeno se comparado às 150 bilhões de células espermáticas presentes em um único bacalhau! Esses cálculos singelos e otimistas, segundo o biólogo Joel Cohen, no livro How Many People Can the Earth Support? ("Quantas pessoas a Terra pode sustentar?", não lançado no Brasil), foram a primeira tentativa de se dar uma resposta quantitativa a uma questão que se tornou hoje bem mais urgente do que era no século 17. No entanto, a maioria das respostas atuais está longe de ser otimista.
De acordo com as estimativas mais recentes dos historiadores, na época de Leeuwenhoek havia apenas cerca de meio bilhão de seres humanos no mundo. Após crescer bem devagar durante milênios, esse número estava começando a ganhar impulso. Um século e meio depois, quando outro cientista comunicou a descoberta dos óvulos humanos, a população mundial tinha dobrado e ultrapassado a marca de 1 bilhão. Um século depois disso, por volta de 1930, ela havia dobrado mais uma vez, agora para 2 bilhões. Desde então a aceleração do crescimento demográfico foi assombrosa. Antes do século 20, nenhum ser humano tinha vivido o suficiente para testemunhar uma duplicação da população mundial, mas hoje há pessoas que a viram triplicar. Em algum momento no fim de 2011, segundo a Divisão de População das Nações Unidas, seremos 7 bilhões de pessoas.
Embora seu ritmo esteja diminuindo, essa explosão demográfica está longe de terminar. As pessoas passaram a viver mais tempo e há tantas mulheres ao redor do mundo em idade de procriar - 1,8 bilhão - que a população global ainda vai continuar crescendo pelo menos durante algumas décadas, mesmo que cada mulher tenha menos filhos que na geração anterior. Até 2050, o total de seres humanos no planeta pode chegar a 10,5 bilhões ou então se estabilizar por volta dos 8 bilhões - a diferença é de cerca de um filho para cada mulher. Os demógrafos da ONU consideram mais provável a estimativa média: eles estão projetando uma população mundial de 9 bilhões antes de 2050 - em 2045. O resultado final dependerá das escolhas feitas pelo casal quando realizar o mais íntimo dos atos humanos - aquele que, em prol da ciência, Leeuwenhoek interrompeu com tanto descaso.
Com a população mundial a aumentar ao ritmo de cerca de 80 milhões de pessoas por ano, é difícil não ficar alarmado. Em toda a Terra, os lençóis freáticos estão cedendo, os solos ficando cada vez mais erodidos, as geleiras derretendo e os estoques de pescado prestes a ser esgotados. Quase 1 bilhão de pessoas passam fome todo o dia. Daqui a algumas décadas, haverá mais 2 bilhões de bocas a ser alimentadas, a maioria em países pobres. E bilhões de outras pessoas lutarão para sair da miséria. Se seguirem pelo caminho percorrido pelas nações desenvolvidas - desmatando florestas, queimando carvão e petróleo, usando fertilizantes e pesticidas com abundância -, vai ser enorme o impacto sobre os recursos naturais do planeta. Como podemos conciliar tudo isso?
Ensaio Sobre as Metamorfoses e a Centralidade do Trabalho
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho?: Ensaio Sobre as Metamorfoses e a Centralidade do Trabalho. 7ª Ed.Rev. Amp. São Paulo: Cortez: Campinas, SP: Ed. Da Universidade Estadual de Campinas. 2000. PP: 23 – 45.
Tiago Sandes Costa*
O texto retrata dois momentos da história do Trabalho protagonizado pelo Fordismo e o toyotismo. O Fordismo caracterizado pelo cronômetro, com produção de série e de massa que é típico de sua indústria vem sendo diferenciado pelo toyotismo. Segundo Coriat, quatro foram as fases que levaram o toyotismo ao advento. Em uma delas, ele fala em aumentar a produção sem aumentar o número de funcionários. Isso significaria a transformação de um único funcionário provedor de várias funções durante seu horário de trabalho para a lógica de não admitir outro na função. Teria então dois trabalhos realizados pagando somente a um trabalhador. Outra ação que é colocado em prática e o ideal de só se produzir o necessário, como em um supermercado onde os produtos só seriam repostos quando acabarem de vender os da prateleira, ou seja, o que o mercado consumisse para não haver o desperdício. O Toyotismo também propagava o tom do amor do trabalhador pela empresa, termos como “espírito Toyota” e “família Toyota” eram empregados no dia a dia do trabalhador, marcava o trabalhador com sua marca como, por exemplo, a farda utilizada para mostrar o orgulho à empresa. O sindicato que tem a função de defender o trabalhador e era desconfigurada pelo Toyotismo, como sindicato-casa, onde o trabalhador tinha não uma fonte de defesa, mas sim, uma fonte de diversão que era atrelada ao sindicato.
A exploração do trabalho é contínua, no sistema Toyotista o trabalhador era explorado trabalhando simultaneamente em varias máquinas. São os trabalhadores multifuncionais, onde comparado com hoje podemos citar um mecânico que para se deslocar precisa ele mesmo dirigir o carro onde era função de um motorista, vemos que trabalhador para desempenhar sua função tem que exercer uma outra. O capital é colocado acima de tudo e de todos, gerenciador do trabalho e do mercado fazendo com que o trabalhador seja apenas um meio da produção capitalista, explorado e seus meios de defesa cooptado e manipulado.
Cada vez mais vemos a crescente onda da ideologia capitalista impregnando em vários setores da sociedade provocando um verdadeiro sufocamento aos trabalhadores. Na lógica da agenda neoliberal verifica-se a diminuição dos direitos adquiridos e encolhimento do Estado nas suas funções vitais resultando numa maior redução das conquistas sociais.
Agentes penitenciários cruzam os braços a partir de sábado
Depois de quatro anos sem reajuste salarial e embates com o Executivo para implantar o Plano de Cargos e Carreiras (PCC), os agentes penitenciários de Alagoas vão cruzar os braços a partir do próximo sábado (15). Com isso, o efetivo nas unidades prisionais deve ser reduzido a 30%, as visitas de familiares serão proibidas, bem como as escoltas de reeducandos e a entrada de alimentos extras.
Segundo os agentes, a paralisação será por tempo indeterminado. Eles garantem que só voltam ao trabalho depois que o Governo apresentar uma proposta à categoria. Isso porque, de acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (Sindapen/AL), Jarbas de Souza, eles reivindicam um reajuste de 110%.
“Nós cansamos de enrolação, cansamos de conversa fiada, cansamos esperar por ações concretas que não se transformam em realidade. Se o Governo do Estado quer implodir o Sistema Prisional de Alagoas, isso vai acontecer a partir das 7h do próximo sábado”, disse o presidente Sindapen/AL, Jarbas de Souza.Ainda de acordo com Souza, atualmente o piso salarial de um agente penitenciário corresponde a R$ 997. Valor que na concepção do sindicalista é muito baixo e vergonhoso para trabalhadores que não têm permitido a fuga de presos, além de sanarem os motins e rebeliões com agilidade.
“Por isso, só iremos manter os serviços essenciais, como o fornecimento de alimentação, atendimento médico, segurança interna e externa dos presídios, o Grupo de Agentes Penitenciários (GAP) e o funcionamento dos setores administrativos e da assessoria jurídica”, frisou Jarbas de Souza.
SDS questiona
Por meio de sua assessoria de imprensa, o titular da Secretaria de Estado da Defesa Social (SDS), Washington Luiz, informou que o diálogo com a categoria está aberto. “Nesta quarta-feira haveria uma reunião entre a diretoria do Sindapen e o secretário de Estado da Gestão Pública, Alexandre Lages, mas como ele viajou a Brasília com o governador, teve que adiar o encontro”, informou o titular da pasta da Segurança Pública.
População tenta recuperar estragos causados pela chuva
Palmeira dos Índios – Um dia após o temporal que derrubou várias árvores em Palmeira dos Índios, funcionários da prefeitura ainda trabalhavam para retirar os entulhos e galhos das ruas. Até a tarde de ontem, algumas vias permaneciam interditadas e tratores trabalhavam para retirar restos das árvores caídas.
No cruzamento das ruas Graciliano Ramos e Sebastião Ramos, a queda de uma árvore destruiu uma central telefônica e até a tarde de ontem, os telefones fixos da região continuavam mudos. A mesma árvore quebrou ainda um poste e o pedaço do muro da residência da dona Dione Elita Barros, que ontem à tarde já estava sendo reconstruído.
No Centro, as fachadas de algumas lojas já haviam sido recolocadas na tarde de ontem, mas um pedaço da marquise de uma loja de eletrodomésticos ainda pendia sobre uma árvore. Na rua Francisco Ferreira Barbosa, onde a queda de uma árvore deixou uma família presa dentro de casa, parte do tronco ainda permanecia no meio da rua.Leia mais na versão impressa
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Temporal causa destruição em Palmeira dos Índios
No início da noite, vários pontos da cidade estavam praticamente isolados, sem energia elétrica, telefone e internet.
Chuva e vento fortes deixou rastro de destruição em Palmeira dos Índios
Apesar de ser um fenômeno natural pouco comum na região Nordeste, uma forte tempestade, acompanhada de uma chuva de granizo, deixou rastros de destruição no final da tarde desta terça-feira (11) na cidade de Palmeira dos Índios.
Eram por volta de 16 horas, quando nuvens negras tomaram conta do céu palmeirense. O dia virou noite a as luzes da cidade tiveram de ser acesas. Repentinamente uma forte ventania, acompanhada de uma chuva de granizo deixou a população assustada.De acordo com um morador que estava na Praça da Independência no momento da ventania, uma antena parabólica se desprendeu do telhado de uma residência e saiu voando como se fosse um guarda-chuvas. Várias árvores foram arrancadas e tetos de estabelecimentos comerciais desabaram.
A marquise externa de uma loja de departameto veio abaixo. Em várias ruas o cenário era semelhante ao da passagem de um furacão.
A tempestade durou pouco mais de uma hora, mas deixou um grande prejuízo. O prefeito James Ribeiro convocou todos os secretários municipais para uma reunião emergencial, onde foram definidas estratégias para a realização de um grande mutirão de limpeza e reorganização da cidade, previsto para a manhã desta quarta-feira (12).
No início da noite, vários pontos da cidade estavam praticamente isolados, sem energia elétrica, telefone e internet.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Recuperação das nascentes em Palmeira desperta interesse de órgãos ambientais
O trabalho de recuperações de nascentes da Bacia do rio Coruripe em Palmeira dos Índios vem sendo foco de estudos e de visitas aos locais das nascentes recuperadas. Atraídos pelos resultados positivos pela natureza e a preservação do Meio Ambiente conseguidos com esta técnica de recuperação, que foi desenvolvida no estado do Paraná.
No ultimo final de semana a região do Amaro zona rural de Palmeira dos Índios recebeu a visita de Claudio Jorge Barbosa da Ouvidoria do Estado de Alagoas e atual Secretário de Educação do município de Mar Vermelho. Em companhia da Professora. Doutora, Cristina Azevedo, da Universidade Federal de Alagoas, ambos atraídos pela importância do projeto para a preservação dos mananciais na Bacia do Rio Coruripe.
Os visitantes foram recebidos pelo Secretario Municipal de Agricultura Luciano Monteiro e em seguida foram acompanhados pela Professora Josefa Adriana da Universidade Estadual de Alagoas – Uneal onde “In loco” a Professora fez a exposição da técnica de recuperação utilizada destacando os benefícios destas nascentes recuperadas para a comunidades rurais e a necessidade de preservação da flora para manter as nascentes.O encontro foi acompanhado com muito entusiasmo pelos visitantes, a simplicidade da técnica e a eficácia do processo. Vendo “In loco” os resultados junto com depoimentos dos moradores, que estão radiantes de felicidade com a qualidade da água que hoje consomem.
Foi realizado na sede da usina Coruripe a última reunião do CRH CORURIPE, de 2010. O encontro contou com a participação dos integrantes do Comitê, no qual foi exposto o projeto Recuperação do Rio Coruripe (RECOR) – selecionado pela Petrobrás. O objetivo é o reflorestamento das regiões marginais do rio Coruripe nos municípios de Junqueiro e Teotônio Vilela, o projeto foi exibido pelo atual presidente da Usina Seresta.
Nesta reunião também foi mostrado o projeto que está sendo desenvolvido no alto Coruripe, pela Professora. Josefa Adriana (UNEAL), também integrante do Comitê. O projeto de recuperação de nascentes tem o apoio positivo em todo Estado e em Palmeira dos Índios do prefeito James Ribeiro (PSDB), um entusiasta desse projeto de recuperação de nascentes da Bacia do Rio Coruripe que tem sua nascente em Palmeira dos Índios na localidade de Coruripe da Cal.
Ano novo começa com ameaça de greves em Alagoas
Servidores cobram valorização e afirmam considerar reajuste a deputados ‘a gota d’água’
O novo ano mal começou e, mediante a manutenção de problemas observados não apenas ao longo de 2010, os servidores públicos estaduais ameaçam o que seria uma verdadeira ‘insurreição’ contra os poderes constituídos, no sentido de que as diversas categorias de trabalhadores sejam devidamente valorizada, sobretudo no que diz respeito à política salarial, a principal queixa do funcionalismo já há algum tempo.
Para repercutir o nível de insatisfação de cada trabalhador, a reportagem da Gazetaweb ouviu lideranças sindicais a respeito da forma como os servidores estariam encarando os reajustes concedidos a secretários de Estado, que, a partir de janeiro, passarão a receber R$ 15,5 mil mensais, valor bem superior aos atuais R$ 6,5 mil, em um aumento de 135%. A
Além de todo o secretariado do governador reeleito Teotonio Vilela Filho (PSDB) – cuja máquina administrativa passou a composta por 20 secretarias, com a criação de duas pastas quase que exclusivamente para abrigar aliados políticos, como o ex-vice-governador José Wanderley Neto (PMDB) –, os deputados estaduais em Alagoas também verão, em 2011, o bolso um pouco mais cheio.
Isso porque a Assembleia Legislativa de Alagoas também aprovou, praticamente por unanimidade (os únicos votos contrários foram os de Paulão e Judson Cabral, ambos do PT), reajuste salarial para os 27 deputados, seguindo o que ficou nacionalmente conhecido como ‘efeito cascata’, em virtude de a Câmara Federal e demais casas legislativas em várias regiões do país terem adotado a mesma postura, legislando em causa própria sob o argumento de que muitos políticos teriam dedicação exclusiva, motivo pelo qual seriam merecedores de tal benesse.Com a medida, os deputados alagoanos não mais receberão R$ 9,6 mil, mas pouco mais de R$ 20 mil mensais. Isso sem contar a chamada verba de gabinete, que, oficialmente, gira em torno dos R$ 39 mil, além de outros benefícios que somente a classe política parece ter direito. É o que questionam os sindicatos de categorias que, há muito, reivindicam melhores condições de trabalho, além de uma remuneração digna, visto que alguns garantem: ‘Já são quatro anos sem um tostão de aumento sequer’.
O principal argumento das lideranças sindicais reside no fato de o Governo do Estado, sempre que pressionado a atender o pleito de uma categoria de servidores, reportar-se aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) como obstáculo. Desta feita, no entanto, o Executivo demonstra não ter encarado a citada lei como empecilho ao reajuste já sancionado em favor dos secretários estaduais, o que tem sido motivo de revolta entre os servidores.
Com isso, garantem os líderes sindicais, não está descartada a possibilidade de paralisação – já no início deste ano – por parte de algumas categorias, como a dos professores, por exemplo. A forma com que os vencimentos dos deputados e secretários sofreram incremento seria a gota d’água, apesar de a mobilização pela sociedade civil organizada, assim como pelos próprios movimentos sociais, ser considerada apática, como atesta sociólogo entrevistado pela reportagem.
‘Reajuste não é afronta’
Entre os que não conseguem esconder a satisfação para com a falta de perspectiva está o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), Wellington Galvão, que, no entanto, é diplomático. “Todas as categorias merecem a devida valorização, por isso não consideraria o reajuste para os deputados uma afronta à sociedade, apesar de sabermos que eles não são categoria”, comentou o também médico, destacando o fato de os parlamentares não terem encontrado qualquer tipo de resistência para verem aprovados projetos em favor próprio, diferentemente da realidade enfrentada pela maioria dos servidores públicos.
“Seria muito bom se também tivéssemos tal facilidade. Hoje o salário de um médico, para vinte horas trabalhadas, é menor até do que algumas categorias de nível médio”, afirmou Wellington Galvão, referindo-se aos pouco mais de um mil e quatrocentos reais recebidos pelo profissional com o serviço prestado no período descrito. “Ou seja, não se está a respeitar a nossa formação e, com isso, estamos perdendo profissionais para estados vizinhos, como Sergipe e Pernambuco. O resultado disso tudo pode ser visto nas condições de atendimento ofertadas aos pacientes no Hospital Geral do Estado”, emendou o sindicalista, sobre as dificuldades que, segundo ele, ‘não são nenhuma novidade’.
“Deixo claro que não somos contrários. Só defendemos uma remuneração justa para cada categoria, já que, sem ela, presenciamo-nos com situações em que médicos precisam fazer verdadeiros bicos para complementar a renda, alguns com até oitenta horas de trabalho semanais, arriscando a própria vida, como no caso dos que precisam viajar diariamente para o interior do Estado. Enquanto isso, um deputado não cumpre sequer um horário de trabalho no dia em que sai de casa”, alfinetou.
‘Moeda de troca’
Já a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteal), Célia Capistrano, disse que ao reajuste para dos deputados ‘é uma afronta, sim’. “Temos uma extensa pauta com mais de vinte itens, que variam desde a necessidade de realização de um concurso público até o reajuste salarial, coisa que esperamos já há quatro anos sem um tostão sequer de aumento. Este aumento foi um absurdo, assim como a aprovação da lei delegada”, comentou Célia, reportando-se à lei que confere, por 90 dias, poder absoluto ao governador Teotonio, que poderá criar ou extinguir cargos e secretarias – com já tem feito –, sem o aval do Legislativo.
“Isto foi entregar um cheque em branco para o governador. Ficou claro que a relação é uma escancarada troca de favores, mesmo se argumente o tal do efeito cascata. Onde fica agora a LRF”, questiona a sindicalista, destacando ainda o fato de o reajuste dos deputados ter sido aprovado ‘no apagar das luzes’.
Já com relação à possibilidade de nova greve, Célia Capistrano é enfática. “Isso nunca é descartado, sobretudo diante deste novo momento que vivemos, já que estamos chegando ao ponto de não mais haver diálogo. Mas uma coisa é certa. A partir de agora, nossa cobrança será muito maior”, alertou.
‘Somos olhados com indiferença’
Quem também não esconde a indignação com que observou a ‘manobra’ dos deputados alagoanos é a Central Única dos Trabalhadores (CUT). É o que garante a vice-presidente Lenilda Lima, que lembra o fato de a própria Assembleia Legislativa já ter argumentado, por mais de uma vez, a dificuldade de se implantar um Plano de Cargos e Carreira dos servidores efetivos em virtude do ‘reduzido’ valor do repasse constitucional, o duodécimo.
“Aí, e somente aí, a LRF pesa. Foi um aumento extraordinário, quando muitas categorias travam uma verdadeira batalha para conseguir no máximo cinco por cento de reajuste. Ninguém é contra reajuste para deputado, desde que se consiga equacionar, valorizar o servidor. Mas aumentar desta forma, em um estado pobre como o nosso, foi um absurdo. Não merecíamos este presente de ano novo”, desabafou Lenilda.
A vice-presidente da CUT ressalta ainda não poder haver o que ela considera um verdadeiro abismo entre o salário do servidor e o de secretário estadual, por exemplo. “Não podemos continuar sendo vistos com tamanha indiferença. Temos de exigir cada vez mais um tratamento digno, já que também não se concebe que um poder como a Assembleia sempre necessite pedir suplementação orçamentária, e sempre contando com a benevolência do governador”, complementou.
‘Desrespeito ao povo e balcão de negociatas’
Já na opinião do presidente do Sindicato dos Previdenciários de Alagoas (Sindprev), Cícero Lourenço, o atual momento colocaria em cheque ‘a própria estrutura administrativa do Estado’. “Enquanto que os deputados federais também reajustaram seus salários sob o argumento da estabilidade econômica, aqui verificamos uma atitude ainda mais irresponsável, um total desrespeito ao povo, porque não há nada que justifique um aumento de cem por cento a deputados e secretários. Ou seja, o limite imposto pela responsabilidade social, ao invés da fiscal, também foi por água abaixo”, avaliou Cícero, que critica, veementemente, a já referida lei delegada.
“Enquanto isso, o poder público esquece áreas essenciais, como Saúde, Educação e Segurança Pública, em um Estado federalizado, já que todas as obras são tocadas com recursos da União. Acordos estão sendo descumpridos com a categoria, enquanto que a Assembleia, que volta a apreciar o Orçamento com atraso, tem se tornado um verdadeiro balcão de negociatas. Chegou-se ao ponto de vermos deputado zombando da população ao afirmar que o dinheiro estaria pouco para manter seus carros e casas”, recordou o presidente do Sindprev, acrescentando que o servidor público não desejaria ‘esbanjar salários exorbitantes, mas apenas garantir aquilo que lhe é de direito’.
Para Cícero Lourenço, outro absurdo seria aceitar o Legislativo como poder que pode legislar sobre aumento de salário para os próprios deputados. “Enquanto isso, o povo continua sem formação e oportunidade de emprego”, emendou o sindicalista, que vê a greve com bons olhos, ‘em se tratando de uma situação em que não se vê a possibilidade de melhoria’.
‘Cadê os mil policiais por ano?’
Quem também tem muito a reclamar é o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas, José Carlos. Ele garante que os deputados estaduais teriam se aproveitado da apatia por parte da sociedade civil organizada nesta época do ano, já que muitas pessoas costumam viajar em férias. “Eles estão entrando numa seara perigosa porque a chance de possível enfrentamento, como já chegou a ocorrer entre policiais civis e militares, é real. É perigoso porque o povo pode não suportar por tanto tempo, já que permanecemos com policiais desestimulados mediante um salário que está muito aquém do que recebe um delegado, por exemplo”, analisou o sindicalista.
Ainda na opinião de José Carlos, ‘é preciso ainda alertar as centrais sindicais quanto à necessidade de uma grande mobilização’. “O povo, por si só, nada faz. Precisamos nos mexer porque, sem pressão, infelizmente nada se resolve”, emendou o presidente do Sindpol, para quem a Assembleia Legislativa dispensou atenção ‘somente a um grupo privilegiado, o dos deputados, que, ganhando mais, deixarão de contribuir para com investimentos na melhoria da qualidade de vida do povo, já que o dinheiro está sendo mal empregado com este absurdo aumento de salário’.
Mobilização acabou
Já na opinião do sociólogo e professor universitário Zoroastro Neto, os movimentos sociais – que poderiam se engajar na luta por melhores condições de trabalho ao servidor público – não mais seriam os mesmos. “Infelizmente, não temos mais movimentos sociais que estejam na linha do debate sobre essas questões relativas às refrações do capitalismo. Isso porque se perdeu a bandeira de enfrentamento, considerando que essas lideranças estão com foco em disputadas partidárias, não mais na perspectiva da inserção social, mas na perspectiva da inserção em algum cargo político”, criticou o sociólogo.
Zoroastro explica ainda que os próprios jovens ‘não mais possuem aquela vontade de se reunir para discutir ou mesmo promover movimentos de reflexão, como acontecia na década de noventa’.
“Sou consciente, também, de que naquele momento havia uma outra estrutura política, outra consciência política, pois estávamos saindo de um processo ditatorial. Contudo, hoje, com todas as possibilidades de informação, deveríamos ter mais movimentos da sociedade organizada, mais debates nas redes sociais, mais grupos de discussão”, complementou Zoroastro Neto, destacando que, na última terça-feira (28), quando da aprovação do reajuste para os deputados estaduais alagoanos, pouco mais de 10 estudantes universitários estiveram presentes à porta da Assembleia, onde realizaram protesto.
“Enfim, perdemos a oportunidade de termos, de fato, a democracia no seu conceito máximo , quando entendida como a forma de governo do povo, para o povo e com o povo. Ainda teremos de conviver com esse tipo de situação, em que se representantes que vão em busca de seus interesses particulares e partidários, em detrimento dos anseios da maioria da população pobre e que vive das políticas sociais, estas ainda entendidas como esmolas e como forma de se fazer campanha política no país”.
domingo, 2 de janeiro de 2011
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO: UMA VISÃO A PARTIR DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
*Tiago Sandes
Nos últimos anos, o meio ambiente vem sofrendo com a ação devastadora dos impactos causados principalmente pela ação do homem no meio natural. Para se entender essa relação, pode-se conceituar impacto ambiental como qualquer ação que altere as propriedades físicas, químicas e biológicas causada pela intervenção do homem ou por ação natural do próprio ambiente que possa interferir na saúde, bem-estar da população e em suas atividades econômicas e sociais. Outro ponto muito importante nessa discussão é o planejamento urbano, já que temos um grande contraste na ocupação desordenada do solo. Ponto que se submete ao avanço distorcido do capitalismo. Impactos ambientais em áreas industrializadas são freqüentes, desrespeitando toda uma legislação que aparentemente se torna frágil à medida que não possa coibir a lesão ao meio ambiente preventivamente. Segundo o artigo 54 da lei Nº. 9.605 causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.Quando colocamos a problemática da ocupação de áreas posta por uma condição natural e que se desenhou uma paisagem inconsistente, voltamos a uma predisposição de se possibilitar a socialização da terra, para que o trabalhador que se retirou do campo devido às condições hostis, possa voltar e se auto-sustentar. As políticas públicas giram em torno desta concepção, com uma proposição categórica de reforma agrária e a condução de uma vertente que priorize a sustentabilidade do meio natural. O capitalismo ainda vive o ápice da propagação mundial, tendo como modelo de expansão a política imperialista dos Estados Unidos, com reflexo na sua influência na economia de boa parte dos países da América Latina. No Brasil, vive-se a proliferação dos Biocombustíveis como fonte alternativa de energia e diminuição da emissão de gases de efeito estufa. O principal foco está voltado para a ampliação da produção da cana de açúcar (etanol), neste conjunto fortalecendo a expansão desta monocultura que através de décadas vem expondo o trabalhador brasileiro a situações lastimáveis de exploração.
Se quisermos potencializar com qualidade as alternativas sustentáveis, temos que expor uma matriz energética que disponibilize o equilíbrio dentre os diversos fatores sócio-ambientais. Segundo a revista Science, a mitigação de emissões de gases contrapõe a expansão da cana de açúcar, para a produção em larga escala do etanol, a instigação de reflorestamento de áreas desmatadas no Brasil.
Com isso, o reflorestamento e a dedução do desmatamento representam diminuição de 12% na emissão de gases. Não podemos propor para os brasileiros um licenciamento ambiental alicerçadas na cessão do uso e gozo dos ecossistemas brasileiros, seja ela por tempo determinado ou não, mediante
pagamento de um preço ou locação, que fique, ou não a mercê da exploração de empresas estrangeiras.
A problemática que gira em torno do aquecimento global é uma tarefa dos governos, da condução de uma política educacional que gire em torno da educação ambiental e a conscientização de cada cidadão e cidadã da sua responsabilidade com as futuras gerações e a normalidade climática do planeta.
Dilma: Compromisso é trabalhar para tornar o país do tamanho de nossos sonhos
Após receber a faixa presidencial do presidente Lula na rampa do Palácio do Planalto, em Brasília (DF), a presidente Dilma Rousseff discursou no Parlatório ao lado do seu vice, Michel Temer, enfatizando o seu compromisso em consolidar os avanços conquistados nos últimos oito anos.
“Eu estou feliz como raras vezes estive na minha vida”, disse ela, admitindo estar emocionada também pelo encerramento do mandato “do maior líder popular que este País já teve”. Dilma reconheceu que foram as importantes transformações que o País passou nos últimos oito anos que permitiu que a população ousasse em colocar, pela primeira vez na história do Brasil, uma mulher na Presidência da República.Dilma aproveitou o seu discurso para homenagear também o vice-presidente José Alencar, que não pode comparecer à posse em Brasília por ainda estar se recuperando de problemas de saúde que enfrentou nos últimos dias. “Que exemplo de coragem e amor à vida nos dá esse homem. E que parceria Lula e José Alencar fizeram pelo Brasil e pelo nosso povo”, afirmou.
Sabendo que substituir um líder como Lula é um desafio e tanto, Dilma disse para a multidão que lotava a Praça dos Três Poderes que honrará esse legado e avançar nas reformas e conquistas necessárias para garantir aos brasileiros melhor educação, saúde e segurança.
Dilma Rousseff afirmou que pretende trabalhar para tornar o País de cada brasileira e brasileiro e disse que cuidará “com carinho” dos mais frágeis e mais necessitados, mas sempre governando para todos.
“Uma importante líder indiana disse um dia que não se pode trocar um aperto de mãos com os punhos fechados. As minhas mãos estarão abertas e estendidas para todos.”
A presidente disse que não pedirá a ninguém que abdique de suas convicções, destacando que pretende buscar apoio e respeitar as críticas.
No momento mais emocionante de seu discurso, Dilma lembrou de antigos companheiros de luta contra a ditadura militar (1964-1985), alguns dos quais morreram na época. Disse que não tem rancor algum, nem ressentimentos, e que sua geração entrou para a política em busca de liberdade, “num tempo de escuridão e medo” e que pagaram o preço pela “ousadia”. Ao se referir “aos companheiros que tombaram nessa caminhada”, embargou a voz, concluindo em seguida: “minha eterna lembrança.”
O momento agora, disse a presidente Dilma Rousseff, é de trabalho e união para dar melhor educação às crianças, saúde de qualidade ao povo, seguranças às comunidades e continuar crescendo e gerando emprego “para as atuais e futuras gerações”:
“O meu sonho é o mesmo de qualquer cidadão e cidadão. O sonho de que uma mãe e um pai possam oferecer aos seus filhos oportunidades melhores do que a que eles tiveram em suas vidas. É isso que constrói um País, uma família, uma Nação.”