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sexta-feira, 18 de julho de 2008

UNE na Globo: a gente não se vê por aqui!


Bruno Elias, Daniel Damiani, Larissa Campos e Tássio Brito


Nos marcos dos 70 anos de história e lutas da União Nacional dos Estudantes compreendemos como inadmissível a veiculação ocorrida há alguns dias pela TV Globo de vinheta alusiva à campanha de reconstrução da sede da UNE da praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.


A campanha da UNE, de reconstrução de sua sede histórica, destruída pela ditadura civil-militar, é legítima e merece o apoio do conjunto do movimento estudantil. Mas vinculá-la a um órgão de comunicação com a trajetória das Organizações Globo é uma afronta à memória das lutas estudantis. Ademais, tal decisão não foi objeto de nenhuma discussão na entidade, desrespeitando os fóruns da UNE e surpreendendo vários de seus diretores, que assistiram pela TV a propaganda.


Erro semelhante já havia sido cometido na gestão anterior da entidade, quando da realização do Projeto Memória do Movimento Estudantil em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Fazer este debate, portanto, não é uma disputa menor. A postura de um movimento social também é pedagógica e deve localizar claramente o campo de disputa em que atuamos.


A Globo, por sua vez, dispensa apresentações. Controlando vastos campos da comunicação no país (rádio, TV, imprensa, internet, etc.), a empresa da Família Marinho é uma das maiores expressões de um sistema marcado pelo monopólio e pela confluência de poderosos interesses políticos e econômicos. A postura de porta-voz da classe dominante assumida pela empresa, é facilmente percebida na reprodução de valores culturais, padrões de comportamento e opinião política.


Sem apelos ufanistas ou saudosismo, seguimos defendendo a UNE com espaço privilegiado de articulação e unidade do movimento estudantil nacional. Não estamos entre aqueles que optaram pela saída fácil do divisionismo, impulsionando a criação de "novas" entidades a partir de seus interesses particulares e reproduzindo em escala maior a política de aparelhamento, até então criticada na UNE.


Contudo, compreender como erro a divisão dos instrumentos historicamente construídos pela classe trabalhadora e pela juventude, não impede (pelo contrário) que reflitamos de forma crítica sobre suas ações, que apontemos propostas e métodos alternativos de direção e que sigamos na luta disputando seus rumos e reivindicando a UNE em cada greve, mobilização e ocupação estudantil.


Para os movimentos sociais, a luta pela democratização dos meios de comunicação no país é tarefa fundamental. Trata-se de um bom combate em defesa do direito da população de ter meios e condições para se informar e se expressar e contra veículos que não raro reforçam a criminalização dos movimentos sociais.


Este é o campo da UNE. O campo das reformas estruturais, da luta política travada pela democratização profunda de nossa sociedade. É esta postura que os estudantes brasileiros esperam da UNE. A mesma postura percebida quando de maneira acertada a entidade assumiu como bandeira do movimento estudantil a luta pela não renovação das concessões de rádio e TV, expiradas no mês de outubro do ano passado. A postura de quem sabe que, ao contrário do que sugere a vinheta exibida, na Globo a "gente NÃO se vê por aqui".



Bruno Elias é 1º Vice Presidente da UNE, Daniel Damiani é 1º diretor de assistência estudantil da UNE, Larissa Campos é 1ª diretora de Movimentos Sociais da UNE e Tássio Brito é 2º Diretor de Relações Internacionais da UNE. Todos são militantes da tese de oposição Reconquistar a UNE.

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