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segunda-feira, 30 de junho de 2008

Lançar confusão para plantar a divisão!

Sobre Encontro latino-americano e caribenho (ELAC) convocado pela Conlutas

A Conlutas convoca em 7 e 8 de julho deste ano um Encontro latino-americano e caribenho de trabalhadores (ELAC), cujo objetivo, segundo a convocatória, é adotar "uma plataforma comum de ação e definir um plano de lutas comum e que permita avançar na constituição de uma coordenação latino-americana e caribenha de lutas".Logo, criar uma "Conlutas ampliada" a outros países da região.

No jornal do grupo boliviano da LIT (organização da qual participa o PSTU), "Lucha Socialista" nº 8 (maio de 2008), está escrito que o ELAC "é convocado por 5 centrais sindicais". Na realidade, além da Conlutas, assinam a convocatória a direção da COB da Bolívia, que de fato é uma central, a Tendência Classista e Combativa (TCC), que intervém no PIT-CNT do Uruguai; "Bataye Ouvriye" do Haiti, que se define como agrupamento dos que "lutam pela construção de um movimento sindical autônomo, combativo e democrático", tendo-se somado depois a C-CURA, uma das correntes da UNT da Venezuela.

A primeira questão que salta aos olhos na convocatória do ELAC é que para enfrentar os "dias dramáticos" que vive o continente e passar da "resistência" à "ofensiva e derrotar o imperialismo e seus lacaios encastelados nos governos de turno", ela diz ser "necessária a unidade dos trabalhadores e dos povos da América Latina e Caribe". Não há qualquer menção à luta dos trabalhadores, do movimento negro e da juventude nos Estados Unidos, ou ao Canadá. É o velho "terceiro-mundismo" , que ergue uma barreira entre os trabalhadores do continente!

Já a fórmula "derrotar o imperialismo e seus lacaios encastelados nos governos de turno", coloca em pé de igualdade, como inimigos a serem derrotados, todos os governos da região. Assim: Uribe da Colômbia, que a serviço de Bush invadiu o Equador, fica igual ao presidente deste país, Rafael Correa; Alan Garcia do Peru, Bachelet do Chile, Lula, Kirchner da Argentina, Tabaré do Uruguai, Hugo Chávez da Venezuela e Evo Morales da Bolívia, todos iguais, todos teriam as mesmas relações com o imperialismo, seus Tratados de Livre Comércio e sua política de privatizações?

Num momento em que o imperialismo dos EUA desenvolve uma ofensiva brutal para destruir as nações, usando a arma do separatismo, de imediato na Bolívia, mas visando também Equador e Venezuela, não há uma só palavra na convocatória e na plataforma do ELAC em defesa da unidade das nações!

Num momento em que o imperialismo tudo faz para derrubar os governos Chávez, Correa e Evo, que adotam medidas, ainda que limitadas, na via da soberania nacional, como as nacionalizações, e que, por isso mesmo, se chocam com as exigências de Washington, de que lado está a Conlutas, que convoca o ELAC?

O PSTU (força hegemônica na Conlutas*), comemorou a vitória do Não no referendo constitucional do final de 2007 na Venezuela como sendo uma "vitória dos trabalhadores" , ironicamente, ao mesmo tempo em que a oposição pró-imperialista, os empresários e a embaixada dos EUA também festejavam. E agora, quando Chávez, sob pressão de greves e mobilizações do movimento operário, nacionaliza a Sidor (maior siderúrgica do país), ele segue sendo igual aos "lacaios do imperialismo" ?

É uma política oposta à necessária unidade de ação contra o imperialismo que, sem abrir mão de um milímetro da independência política dos trabalhadores e suas organizações, permite golpear juntos o inimigo comum, no caso a política do governo dos EUA e seus aliados locais.

Na convocatória do ELAC encontramos também a base da política de divisão proposta pela Conlutas: "Há outro obstáculo que temos que enfrentar: o fato que muitas organizações tradicionais dos trabalhadores da região abandonaram a perspectiva de luta de classe e abraçaram o modelo neoliberal, colaborando com os inimigos e abandonando os trabalhadores e povos à sua própria sorte".Assim se confundem as direções das organizações com as próprias organizações. Para eles, o "obstáculo" estaria nas "organizações tradicionais" , e não na eventual política de suas direções. Foi o que levou o PSTU e outros grupos a romperem com a CUT no Brasil.

É uma clara política de divisão das organizações construídas pelos trabalhadores - num momento em que elas são ameaçadas de destruição pelo imperialismo – virando as costas aos milhões que nelas se organizam, em nome da denúncia das "direções traidoras". Na verdade, é uma deserção do combate para dotar as organizações de direções mais acordes com os interesses imediatos e históricos dos trabalhadores.

Em congressos e assembléias sindicais no Brasil, os partidários da Conlutas defendem romper com a CUT para construir "a unidade da esquerda que se encontra em oposição ao governo", o que na prática, significa propor a ruptura com todos os trabalhadores que não estejam "em oposição ao governo" Lula. Se aplicarmos este método a outros países, qual seria a conseqüência?

Na Bolívia, a COB é a "organização tradicional" da classe trabalhadora. Às vésperas das heróicas lutas de outubro de 2003 que derrubaram o governo Goni, abrindo a situação que coloca a nacionalização do petróleo, do gás e das minas na ordem do dia, a COB era dirigida por um setor ligado ao governo da direita. Foi a força das lutas de massa que levou a mudanças na sua direção. E, seja qual foi a opinião que cada um tenha da atual direção da COB, nada justificaria dividi-la, nem ontem e nem hoje. Ou, para a Conlutas, a COB deveria expulsar de suas fileiras quem não for "oposição" ao governo Evo Morales? Isso seria "paralelismo" e divisão da própria COB, que deve unir os trabalhadores num terreno independente, seja qual for sua opinião sobre o governo Evo ou o seu partido MAS.

Agora mesmo, Evo convoca referendos revogatórios de seu mandato e dos prefeitos separatistas (que aplicam a política do imperialismo de destruir a Bolívia para barrar o processo revolucionário) . É indiferente que ganhe um ou outro lado? Evo é igual à oligarquia separatista? Isso quando se impõe que a COB e todas as organizações do movimento operário e popular – como já fez a Confederação dos Trabalhadores Fabris – sem abrir mão nem de suas reivindicações e nem de sua independência, mobilizem pelo voto Sim a favor de Evo e pelo Não aos prefeitos separatistas e pró-imperialistas. Não há meio termo possível!

Ao lado de sindicalistas e militantes vindos de todas as partes das Américas, inclusive dos EUA, tive a oportunidade de participar, como delegado da CUT junto com o companheiro Spis, do 2º Encontro Continental de Trabalhadores (o 1º foi em La Paz, em agosto de 2005) contra os Tratados de Livre Comércio e as Privatizações, realizado na Cidade do México entre 4 e 6 de abril deste ano. Convocados por organizações do México e de outros países, com o apoio do Acordo Internacional dos Trabalhadores (AcIT), 300 delegados, num livre debate, fixaram uma plataforma de luta que - partindo da defesa das organizações construídas pelos trabalhadores e da defesa da unidade e soberania das nações contra o imperialismo – inclui, entre outros pontos, a defesa da Pemex (estatal do petróleo no México), a defesa das medidas de nacionalização adotadas pelos governos da Bolívia e Venezuela, a condenação da invasão da Colômbia ao Equador, a solidariedade ativa com o movimento contra a guerra no Iraque, a luta do movimento negro e dos imigrantes nos EUA, a exigência dirigida a Lula de posicionamento diante de crimes cometidos pelas tropas da ONU no Haiti; a luta pela recuperação da Vale para a nação brasileira e contra os leilões do petróleo em nosso país. Esta sim é uma contribuição positiva para a unidade na luta concreta dos trabalhadores e povos contra o imperialismo, e não uma operação de divisão, como se apresenta o ELAC.
30 de maio de 2008

Julio Turra
Diretor executivo da CUT Nacional
Contatos: julioturra@cut. org.br

* Tomei conhecimento de um texto intitulado "A proposta do ELAC não ajuda a luta dos trabalhadores e dos povos latino-americanos", assinado pelo MTL, Poder Popular (P-SOL), MAS (CCLCP) e MÊS (PSOL), que apresenta "as razões pelas quais nos pronunciamos contra o Encontro tal como tem sido concebido e como está sendo executado". Merece registro que correntes que são favoráveis à unidade entre Intersindical e Conlutas, como é o caso, considerem o ELAC uma "imposição inoportuna" da direção que "hoje hegemoniza a Conlutas" (PSTU). Uma operação de divisão como esta, divide até os que estão no mesmo campo da Conlutas!

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quinta-feira, 26 de junho de 2008

PT aprova moção de apoio a UNEAL


O Partido dos Trabalhadores (PT), por meio do seu Diretório Municipal em Palmeira dos Índios, se solidariza com a luta dos trabalhadores e estudantes da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) que vem travando uma série de embates em busca da autonomia da Universidade, assistência estudantil e estrutura, inclusive a entrega do prédio sede do campus III (ESPI), para que possa de fato desenvolver ensino, pesquisa e extensão, reconhecendo a importância desta instituição para a gente de nossa terra. Ao mesmo tempo, repudia o descaso do governo Téo Vilela (PSDB) para com a educação superior pública, gratuita, de qualidade e laica, evidentemente expresso também em diversos outros setores administrativos.

A UNEAL é do povo de Alagoas e Alagoas precisa da UNEAL!

Partido dos Trabalhadores (PT), em 26 de Junho de 2008.

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quarta-feira, 18 de junho de 2008

Contribuição da Articulação de Esquerda a Plenária da CUT/AL

Central Única dos Trabalhadores, combativa e de Luta!

A CUT nasceu das lutas dos trabalhadores brasileiros contra a ditadura militar, o arrocho salarial, em defesa dos direitos da população mais pobre, exigindo políticas públicas do Estado, e lutando pela construção de outra sociedade, justa e igualitária. Uma Central a serviço da classe trabalhadora, combativa, de luta.
Estavam presentes os operários, trabalhadores rurais e demais trabalhadores organizados. A partir do primeiro governo Lula, surgem as contradições, mesmo assim, os pobres têm no governo Lula uma expectativa de respostas às suas necessidades e reivindicações, pela sua origem social e pela identidade de classe.
Temos no país um governo em disputa, num terreno em que a luta de classes está viva, e a justificativa da governabilidade (aliança com outras forças para garantir base de apoio parlamentar) não pode servir para descaracterizar nossas propostas e concepções. A CUT deve tencionar o governo à esquerda, deixando evidente que ele não pode menosprezar as necessidades e reivindicações dos trabalhadores organizados.
A experiência acumulada e as posições que historicamente defendemos permitem que, hoje, a nossa atuação se dê a partir de premissas tais como: autonomia dos movimentos frente ao partido e ao governo, compreensão que este governo é uma conquista dos próprios movimentos, e a compreensão de que é necessário fazer críticas ao governo para que seja levada em conta a pauta reivindicações. É importante lutarmos contra os aspectos negativos do Plano de Aceleração do Crescimento e pelo aprofundamento dos positivos, principalmente projetos ligados à reforma agrária e à agricultura familiar.

Sindicalismo e a Juventude

Existe uma grande quantidade de jovens nas mais variadas categorias, mesmo assim a realidade atual do sindicalismo é a de um movimento envelhecido de aparência chata e desinteressante. Apresenta-se então a necessidade urgente de rediscutir e alterar essa concepção para que a base desorganizada visualize espaço de intervenção na direção de suas entidades.
A gravidade da preocupação com os rumos do movimento sindical se justifica porque esse é um ponto estratégico na luta contra o sistema capitalista, visto que tem potencial para abalar um dos principais pilares da dominação, a exploração da mais valia.
A CUT possui enorme responsabilidade nesse processo, com a tarefa de criar condições para atuação jovem organizada em seu interior objetivando construir consideravelmente uma ampla renovação desse movimento. O conjunto da juventude precisa encontar am espaço aberto para aplicar nele toda a sua energia militante convertendo entidades de base e a própria CUT de fato em instrumentos combativos na luta de classes, acumulando forças rumo ao socialismo.

Segurança Pública, do outro lado do muro

Os rumos dados a segurança pública sempre foram de repressão à violência e combate a criminalidade, contudo esse combate nunca atingiu as causas desses problemas. O foco repressor sempre atingiu as camadas mais pobres da população, numa perspectiva militarista que cria um clima de guerra entre os trabalhadores da segurança pública e a sociedade.
O que se deve combater é o crime de colarinho branco, como os taturanas que inviabilizam os investimentos necessários em saúde e educação. Aliado a essa política belicista, temos o desmanche do estado brasileiro na década de 90, impulsionada pela política neoliberal que desmantelou as instituições policiais numa tentativa de fortalecer cada vez mais a segurança privada, mantendo a classe média “protegida” dos bandidos.
Se faz necessária uma mudança radical nas políticas de segurança pública, devemos buscar a reestruturação das instituições que fazem a segurança pública, com a democratização das policias, seja através da valorização dos agentes de segurança, seja através de mudanças nas estruturas de comando. Nesse sentido, lutar pela criação de códigos de ética nas policia, pelo fim do ciclo de privatizações dos presídios e pela retomada da confiança entre sociedade e agentes de segurança pública.
O policial não pode mais ser visto nem tratado como inimigo da população se faz urgente demonstrar que o papel do policial é de defender todo e qualquer cidadão, independente de sua classe social. Isto passa pela capacitação dos servidores, pela estruturação real das polícias comunitárias. Essa mudança de paradigma se inicia com a implementação do PRONASCI, mas muito ainda deve ser debatido e implementado, pois este programa não trata de questões fundamentais como o nocivo processo de privatização do sistema prisional e a necessidade de unificação das polícias.
É imprescindível que a segurança pública seja uma política de estado, pautada na continuidade das ações, no fortalecimento das instituições e dos trabalhadores de segurança pública, e, acima de tudo, no resgate da importância e do respeito destes trabalhadores perante a sociedade.

Movimento Sindical: Importante Ferramenta de Transformação Social

Desde as lutas e greves na década de 80 no ABC paulista, o movimento sindical brasileiro transpõe para a classe trabalhadora um verdadeiro embate político-ideoló gico. Como fruto desse movimento surge a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Estando exposto a este processo, podemos analisar uma verdadeira construção em torno de um modelo para o pós-neoliberalismo e a construção da consciência de classe fundamentada na afirmação do proletariado como hegemonia social.
A partir da formação estrutural da sociedade, as lutas de classe são entendidas como porta de entrada na condução do processo em curso e na relação entre as pessoas. A começar do comunismo-primitivo , a analogia transcreve que, a partir deste primeiro modo de produção, os fatores históricos de organização de classe permitem uma nova plataforma que possa atender as necessidades existentes na maioria da população.
O estabelecimento de um governo advindo da classe trabalhadora, infelizmente, não interrompeu a progressão capitalista. Nem mesmo com a ampliação de governos progressistas na América Latina se conseguiu romper com a exploração imposta pelo sistema aos trabalhadores. Isso é uma resultante de um método não compatível para compreensão e concepção do trabalhador enquanto classe.
São nestes parâmetros que os sindicatos, enquanto instrumento de defesa deste conjunto social, deve desempenhar um papel indutor de uma remodelagem na individualidade de cada militante, para que possamos edificar uma personalidade coletiva, coesa e distinta. A atrelagem a um modelo institucional, burocrático e de papel já definido, vem a retroagir os princípios fundamentais de organização. A CUT deve dispor de condições para se consolidar, através do estabelecimento dos laços com nossas bases sociais, que são históricas, como único caminho a ser trilhado em direção a um horizonte sem especulação das relações humanas, para que possamos vislumbrar o socialismo.
Nós da Articulação de Esquerda, tendência que surgiu em 1993 e desde 1997 constitui a AE Sindical, acreditamos que só a partir de um verdadeiro movimento de base, conseguiremos manter a CUT enquanto referencia dos Trabalhadores. Como organização política, social e dirigente, reafirmamos nossas posições Socialistas e Revolucionárias e estabelecemos o compromisso com a classe trabalhadora, apontando diretrizes para atuação nos sindicatos e na CUT, organizando nossa política frente às organizações sindicais Cutista.



Assinam esse documento: Alexandre Lino - SindJornal
Elida Miranda – SindJornal
Zé Carlos - SindJornal
Tiago Sandes - Urbanitários
Lucas Soares – base Sinteal
Joseane – Sindsaúde Arapiraca
Valquiria – Sindsaúde Arapiraca
Jarbas Ribeiro – Sindicato dos enfermeiros
Marcão – Sindspref
Marcondes Machado – base Sindpetro
Renato – base Sindpetro


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quinta-feira, 12 de junho de 2008

Revista National Geographic Brasil

Revista National Geographic Brasil

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UM POUCO DA HISTÓRIA DAS TENDÊNCIAS DO PT

O PT É UM PARTIDO DOS TRABALHADORES OU PARA OS TRABALHADORES?

O PT não é um partido para os trabalhadores. Ele não surgiu como uma necessidade das elites em criar uma espécie de amortecedor para segurar os trabalhadores, como um instrumento de domesticação da classe trabalhadora. Ao contrário: o PT é um instrumento da classe trabalhadora para lutar pelos seus direitos, para lutar pela divisão da riqueza, para lutar pelo que é dos trabalhadores. O PT só existe como uma conquista dos próprios trabalhadores.

O PT É SOCIALISTA

Mas que tipo de socialismo o PT defende?

Socialismo científico, socialismo utópico, socialismo real, socialismo cristão, socialismo humanista, socialismo democrático.. .?

Nem nós petistas sabemos como será o socialismo quando for implantado.

Aliás essa é uma importante característica do PT.

O nosso socialismo será construído pelo próprio povo brasileiro. O PT não propõe fórmulas prontas, transposições mágicas, acomodações de experiências praticadas em outros países, obviamente não se deve desprezar a trajetória dessas experiências. Todo o acúmulo conseguido por outros países na tentativa de implantação de um regime socialista deve ser levado em consideração, mas não como modelo.

A experiência cubana, o Chile de Allende, a Nicarágua Sandinista, o Leste Europeu, a social-democracia sueca, a China de Mao, tudo isso com certeza contribuirá para a formação do socialismo petista, mas sem ultrapassar os limites da contribuição, sem chegar a ser uma tentativa de se repetir um processo histórico.

O socialismo que se forjará através da organização e da luta dos trabalhadores brasileiros, da acumulação de conquistas, do desenvolvimento da cidadania, certamente terá uma face humana, voltada para o respeito às liberdades fundamentais do homem e pelo respeito aos direitos humanos. Será um socialismo baseado nos valores de uma prática verdadeiramente democrática, na solidariedade, na justiça, oferecimento de oportunidades iguais pra todos, na participação da sociedade civil, nas decisões... Será um socialismo com democracia, pois ambos estão interligados e aquele não existe sem esta.

O PT é um partido socialista em construção e está construindo um projeto de socialismo.

O PT POR DENTRO

O PT é originário de 3 vertentes principais:

Dirigentes sindicais

Organizações políticas

Igreja

Muitas pessoas não entendem porque o PT tem tantas tendências internas. Baseadas no que conhecem dos demais partidos, acham que o PT é uma espécie de colcha de retalhos, uma frente de grupos de esquerda, onde todo mundo fala, onde uns divergem de outros e acabam não se entendendo. Mas será que isso é verdade?

O PT não é uno. Não é um partido com uma só cabeça, com um só pensamento, seguindo uma só direção.

Diversas correntes de pensamento estão integradas dentro do PT, num projeto maior de transformar a realidade e mudar os rumo da sociedade brasileira.

Diferentes concepções políticas e ideológicas das esquerdas se uniram dentro do PT para fazer do partido esse instrumento de luta e mudança que o Brasil exigia.

Formam o PT grupos socialistas, comunistas, social-democratas, marxista-leninistas , socialistas- cristãos, socialistas, enfim um amplo leque de correntes do pensamento de esquerda.

Essa pluralidade de concepções que muitos não entendem e criticam, reflete apenas a modernidade do PT. As sociedades contemporâneas não comportam mais um pensamento único, uma única linha de direção. A sociedade atual é multiforme, segue em várias direções, está sujeita a muitas interpretações e análises. E o PT tem essa compreensão.

Reflexo da sociedade contemporânea, talvez o PT tenha nessa pluralidade de visões a sua força e grandeza.

Os debates internos acirram a prática democrática, elevam o nível de consciência política dos militantes, socializam os conhecimentos e ampliam o grau de informação dos petistas.

As divergências e as diversas correntes se resolvem pelo respeito à democracia interna e pela certeza de que, embora nem sempre o caminho proposto seja o mesmo, todos tem o mesmo ideal.

AS TENDÊNCIAS

As tendências representam os agrupamentos políticos internos do PT desde a sua fundação.

Algumas ajudaram a fundar o partido e permanecem nele, como a Democracia Socialista, outras ingressaram no PT depois de posicionar-se criticamente em relação à sua fundação, como O Trabalho, outros surgiram dentro do próprio PT, como a Articulação e outras ainda, como a Convergência Socialista, após participarem da criação do PT, deixaram o partido.

Na maioria das vezes as tendências internas do PT têm vida orgânica própria, porém toda ela voltada para a militança do Partido. Realizam discussões políticas dentro da própria tendência, editam boletins, fazem campanhas de arrecadação financeira, lançam candidatos à direção do Partido e aos cargos eletivos.

Segundo Raul Pont, do PT gaúcho ligado à Democracia Socialista, “são tendências não apenas setores ou grupos que vieram de posições políticas precedentes ao Partido ou grupos que se formatam no próprio debate da construção do PT, como também várias organizações da Igreja com suas fontes próprias de recursos e fóruns de decisão”.

A DIVISÃO INTERNA DO PT

Basicamente o PT está dividido em cinco grupos políticos: os social-democratas, considerados a direita do Partido, e que integravam a tendência chamada Democracia Radical; a Unidade e Luta, remanescente da Articulação e integrada por militantes mais próximos de Lula, considerada o centro petista; as correntes de esquerda Articulação de Esquerda, Democracia Socialista e o Fórum Socialista, tidas como a esquerda do PT; a extrema esquerda do Partido, integrada pelos trotskistas de O Trabalho, pelos marxistas do Movimento por Uma Tendência Marxista, do Brasil Socialista e da Força Socialista; por último, os independentes, petistas não alinhados com nenhuma tendência. Integram este último grupo desde militantes considerados da direita petista até membros da extrema esquerda do PT.

AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO PT

A seguir apresentaremos um breve histórico das principais tendências, suas origens, filiações ideológicas e seu papel na construção do Partido dos Trabalhadores.

ARTICULAÇÃO

Durante muito tempo a Articulação foi a tendência majoritária dentro do PT. Surgiu no ano de 1983, no período de renovação dos diretórios do Partido, a partir do grupo dos 113. Composta por sindicalistas, setores sobre a influência da igreja progressista, intelectuais, marxistas independentes e militantes social-democratas, a Articulação era considerada a tendência de Lula. Caracterizava- se como uma tendência de orientação socialista, porém, assim como no próprio PT, também na articulação o socialismo proposto não estava definido. Em 1993, durante a realização do Encontro Municipal de São Paulo, a Articulação rachou e deu origem às tendências Unidade na Luta e Hora da Verdade, atual Articulação de Esquerda. No movimento Sindical durante muito tempo, as duas correntes continuaram a atuar de forma conjunta, porém hoje tempos dois campos: ARTICULAÇÃO SINDICAL E ARTICUALÇÃO DE ESQUERDA SINDICAL.

UNIDADE NA LUTA

A tendência Unidade na Luta, veio da antiga Articulação. Integrada por militantes mais próximos de Lula, a Unidade na Luta é considerada o centro do PT. Lideranças: Lula, José Dirceu, Benedita da Silva.

ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA

Dissidência da Articulação, por não concordar com o caminho que a Antiga Articulação estava tomando no rumo político, num primeiro momento foi conhecida como Hora da Verdade, depois mudou seu nome para Articulação de Esquerda, hoje depois do giro feito pela DS, é tida como a maior corrente da esquerda do PT. É tida como a esquerda petista, Lideranças: Adão Pretto Deputado Federal (PT/RS), Luci Choinacki EX-Deputada Federal (PT/SC), José Fritsch (Secretário Nacional de Pesca), Valter Pomar, Secretário de Relações Internacionais do PT.

O TRABALHO

Tendência de orientação trotskista, O Trabalho surgiu em 1976, com o nome de Organização Socialista Internacional (OSI), resultado da fusão da Organização Marxista Brasileira com o Grupo Comunista Primeiro de Maio. No meio estudantil a OSI atuava com o nome de Libelu (Liberdade e Luta). Inicialmente contrária à criação do Partido dos Trabalhadores, a OSI reviu sua posição em 1979 e em 1980 declarou-se integrante do Partido, sem contudo dissolver-se enquanto organização. Em 1984 a OSI mudou seu nome para Fração IV Internacional. Em 1986, adotou o nome atual, O Trabalho, e se colocou como uma corrente interna do PT. A tendência O Trabalho, está ligada à Quarta Internacional – Centro Internacional de Reconstrução (QICIR). Edita o jornal O Trabalho. Lideranças: Marcos Sokol, membro do Diretório Nacional do PT

DEMOCRACIA SOCIALISTA

Também trotskista, a Democracia Socialista – DS, participou de uma frente jornalística que lançou o jornal Em Tempo. Pouco tempo depois o jornal passou a ser identificado como porta-voz da organização. Em 1981 ocorreu o Congresso de Unificação com a Organização Revolucionária dos Trabalhadores e a DS passou a se chamar Organização Revolucionária Marxista – Democracia Socialista (ORM-DS). A DS participa da construção do PT desde as primeiras discussões e de define como uma corrente organizada no interior do Partido, uma organização revolucionária que se empenha na construção do PT. A DS é ligada à IV Internacional, secretariado Unificado (SU). Continua a publicar o Jornal Em Tempo. Lideranças : Raul Pont (ex Prefeito de Porto Alegre), Joaquim Soriano (Membro da Executiva Nacional do PT), Miguel Rosseto (Ministro do Desenvolvimento Agrário)

CONVERGÊNCIA SOCIALISTA

Outra tendência de orientação trotskista, a CS surgiu a partir de um grupo de brasileiros exilados na Argentina que, ao regressar ao Brasil, formou a Liga Operária. Em 1977, a Liga Operária mudou seu nome para Partido Socialista dos Trabalhadores (PST). Em 1978 o PST lançou o Movimento Convergência Socialista, com o objetivo de aglutinar setores e militantes socialistas para a formação de um partido socialista no Brasil. Em 1979, o PST se extingue e passou a chamar-se Convergência Socialista. Em 1983, a CS mudou seu nome para Alicerce da Juventude Socialista, mas no ano seguinte o nome Convergência Socialista foi retomado. A saída da CS do PT ocorreu em 1993, depois de muitas discussões sobre a questão das tendências e após se verificarem divergências entre a CS e o próprio PT. Com a saída do PT, a CS organizou o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado). Internacionalmente a CS faz parte da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT).

MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO COMUNISTA

De orientação marxista-leninista, o MRC foi fundado em 1985, resultado de unificação do Movimento pela Emancipação de Proletariado (MEP), da Ala Vermelha (AV) e da Organização Comunista Democracia Proletária (OCDP). O MEP, organização que sobreviveu aos anos de chumbo da repressão no Brasil, apresentava duas posições em relação ao PT: uma entendida ser o Partido uma frente fortemente influenciada por uma tendência social-democrata, portanto sem condições de se transformar num partido revolucionário; a outra posição formada por uma ala de militantes de São Paulo e do Rio de Janeiro, defendia a participação da organização no PT, visando priorizar a sua construção e o seu fortalecimento. Também a Ala Vermelha passou por um processo semelhante, com muitos de seus militantes, principalmente de São Paulo, assumindo o PT como prioridade. Sua origem primeira está no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Atualmente, seus militantes estão na Força Socialista.

PARTIDO REVOLUCIONÁRIO COMUNISTA

Partido de orientação ideológica marxista-leninista, o PRC surgiu em 1984, de uma ala de dissidentes do Partido Comunista do Brasil (PC do B), ao qual se juntaram militantes da antiga Polop (Organização de Combate Marxista-Leninista Política Operária) e do MEP. No início seus militantes não estavam apenas no PT e atuavam também no PMDB, mas em 1985, em seu 2º Congresso, definiu-se pela participação exclusiva do PT. O PRC não se considerava fração, tendência ou partido dentro do PT, mas sim uma organização política revolucionária clandestina, com existência própria, autônoma, que define a atuação partidária local de seus militantes no PT como filiados individuais. Em 1989, o PRC se dissolveu dentro do PT e a maioria de seus militantes fundou, no ano seguinte, a tendência Nova Esquerda.

NOVA ESQUERDA

A Nova Esquerda surgiu em 1990, a partir de um grupo de militantes do extinto PRC. Pregava uma nova discussão sobre o pensamento de esquerda, rompendo com as tradicionais formas de construção da sociedade socialista. Em 1991 uniu-se com parte da Vertente Socialista e deu origem ao Projeto Para o Brasil (PPB).

VERTENTE SOCIALISTA

Grupo socialista com forte penetração nos movimentos populares, a VS surgiu em março de 1989. Também não está alinhada a nenhuma das correntes tradicionais do pensamento de esquerda no Brasil. Em junho de 1991, algumas de suas principais lideranças e todos os seus parlamentares se uniram à Nova Esquerda, dando origem ao PPB (Projeto Para o Brasil), que posteriormente passaria a ser chamada Democracia Radical. Parte de seus militantes de base descontentes com o abandono da luta pelo socialismo, manteve a tendência ainda com o nome de Vertente Socialista, até a fusão com o Fórum do Interior em 1995.

PROJETO PARA O BRASIL

O PPB surgiu da união da Nova Esquerda com setores da Vertente Socialista, a partir do lançamento de uma tese conjunta, em agosto de 1991, para o 1º Congresso do PT, chamado Projeto Para o Brasil.

DEMOCRACIA RADICAL

Hoje considerada como a direita do PT, a Democracia Radical surgiu do Projeto Para o Brasil (PPB). Caracteriza- se como uma tendência social-democrata, com posições divergentes da maioria das outras tendências internas do PT. Propõe amplas alianças para garantir a governabilidade das administrações petistas. Foi extinta compondo uma só tendência com a Unidade na Luta (Campo Majoritário). Lideranças: José Genoíno.

FORÇA SOCIALISTA

Tendência ideologicamente caracterizada como marxista, a Força Socialista surgiu em 1989, a partir de militantes oriundos do Movimento Revolucionário Comunista (MRC) e setores independentes do movimento marxista no Brasil. Lideranças: Edmilson Rodrigues (Prefeito de Belém), Ivan Valente (Deputado Federal por SP), Nelson Pellegrino (líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados). A Força Socialista em um movimento de unificação com outras tendências do PT, passou a se chapar Ação Popular Socialista – APS. Pouco tempo depois dessa mudança de nomenclatura e em parte do posicionamento político a APS, retira-se do PT e vai integrar o Partido do Socialismo e Liberdade- PSOL (Partido que nasce da expulsão de três deputados federais do PT e uma senadora.)

MOVIMENTO POR UMA TENDÊNCIA MARXISTA

Procurando formar uma tendência marxista no PT, militantes do Partido Revolucionário Comunista (PRC) e setores de grupos trotskistas, como a Luta Pelo Socialismo (LPS) lançaram o MTM no ano de 1991. Edita o Jornal Movimento.

BRASIL SOCIALISTA

A tendência Brasil Socialista surgiu a partir de militantes de vária tendências, entre elas o Movimento Revolucionário Comunista (MRC) e grupos trotskistas, em 1991, pouco antes do 1º Congresso do PT. Edita a revista Brasil Revolucionário. Tendo uma forte ligação com o MLST. Lideranças: Bruno Maranhão (Diretório Nacional do PT).

FÓRUM SOCIALISTA

O Fórum Socialista surgiu como Fórum do Interior em 1989, a partir de militantes do interior de São Paulo cujas origens e referências são os movimentos sociais do interior deste Estado, especialmente o movimento sindical, os movimentos populares e a Igreja Progressista. Uma de suas principais características é a ligação com a CUT pela Base (Atual Alternativa Sindical Socialista) no movimento sindical. Em 1995, o Fórum do Interior se fundiu aos remanescentes da Vertente Socialista que não aceitaram a transformação da tendência numa organização social-democrata e se mantiveram na luta pelo socialismo, fundando o Fórum Socialista. Lideranças: Renato Simões (Deputado Estadual de SP), Izalene Tiene (ex-Prefeita de Campinas/SP) .

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terça-feira, 10 de junho de 2008

Um humorista no BC

A taxa básica de juros subiu de novo. De quem é a culpa? Da esquerda, é claro. Pelo menos é o que eu entendi ao ler a “versão Folha” de uma reunião entre Henrique Meirelles e deputados do PT, realizada há alguns dias.

Segundo o jornal paulista, o presidente do Banco Central teria dado “um passo importante na direção petista e ganhou a simpatia dos, até então, adversários ferozes, dizendo que, no mundo todo, quem soube gerar crescimento com estabilidade de preços foram os governos de esquerda. ‘A direita não sabe fazer isso’, afirmou, segundo deputados que participaram do encontro”.

Ficamos sabendo, também, que Meirelles “definiu sua política monetária como ‘de esquerda’ a uma delegação do PT que o procurou ontem para municiar-se de argumentos capazes de responder aos questionamentos de suas bases eleitorais quanto ao aumento das taxas de juros. Meirelles se inspirou em pronunciamento do senador Jefferson Péres (PDT-AM), recentemente falecido, no qual afirmou que ‘política monetária frouxa é política monetária de direita, porque corrói o salário do trabalhador’. Segundo o presidente do BC, os dados de aumento de consumo da família brasileira e a transferência de parte das classes D e E para a classe C, mostram que a inflação foi derrotada pela política monetária aplicada, com efeito direto e positivo na renda do povo”.

Para arrematar, Meirelles teria dito que “as políticas monetárias mais duras e os ajustes mais amargos que recuperaram economias em crise foram aplicadas por governos de esquerda, citando os governos de Jimmy Carter, nos EUA, de Tony Blair, na Inglaterra, e de Felipe González, na Espanha”.

Convenhamos, o presidente do Banco Central é um humorista de coragem. Só assim para elogiar a política monetária adotada pelo FED durante o governo Carter, omitindo que o efeito colateral disto foi a eleição de Ronald Reagan!

Se citar Carter foi um deslize involuntário, falar de Blair e González foi caso pensado. Estes dois senhores protagonizaram a modernização conservadora da esquerda européia. Para Meirelles e os setores políticos e sociais que ele expressa, seria ótimo que o PT seguisse o mesmo caminho. Afinal, um dos efeitos colaterais da conversão realizada pela social-democracia, nos anos 80 e 90, é a hegemonia conservadora na Europa de hoje.

Meirelles parece estar preparando sua saída do governo. Coincidentemente, num momento em que será cada vez mais difícil ocultar os efeitos nocivos da política implementada pelo Banco Central.

Há que considerar o impacto da crise internacional na economia brasileira, tanto nos preços quanto no câmbio. Utilizando este impacto como pretexto, o Banco Central brasileiro está operando uma alta na taxa básica de juros, o que atrai mais dólares para o Brasil e piora a situação da taxa de câmbio, dificultando por sua vez as exportações e ampliando a vulnerabilidade externa.

Por outro lado, a política de “crescimento econômico com redução das desigualdades” sofre oposição cada vez maior da oposição neoliberal. Derrotados nas eleições presidenciais de 2006, os neoliberais continuam em campanha por sua política de “redução de gastos”, leia-se: menos Estado, menos políticas públicas, menos políticas sociais. Um episódio importante desta batalha foi a derrota da CPMF, imposto que financiava parte da saúde pública brasileira.

Na prática, o Banco Central atende aos objetivos da oposição neoliberal, uma vez que o aumento da taxa de juros eleva o montante da dívida pública e reduz a capacidade de investimento (produtivo ou social) do governo federal.

Outros setores do governo e de sua base de apoio reagem com propostas variadas, desde a criação de uma nova fonte de financiamento para a saúde, passando pela proposta de um Fundo Soberano, ou simplesmente fazendo pressão para viabilizar o PAC e outras políticas públicas.

A discussão sobre a política econômica constitui uma espécie de terceiro turno das eleições presidenciais de 2006 e uma ante-sala do debate que será travado nas eleições de 2010.

Estando ele ou não no governo, o balanço da “era Meirelles” será parte deste debate. Exemplo: recentemente, Veja perguntou a Arlindo Chinaglia por qual motivo “os petistas insistem em pedir a cabeça do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles?”

Chinaglia respondeu que “há uma vocação natural do PT de fazer pressão por mais desenvolvimento e mais crescimento. O Meirelles, justa ou injustamente, ficou marcado no partido como um obstáculo a esse desejo, um entrave ao crescimento do país. Sua saída não vai merecer aplausos no PT, mas vai criar a expectativa de que possibilite mais crescimento. Qualquer um no PT ou fora do PT pode discordar do Meirelles, pode desejar mudanças, mas não pode negar que ele teve participação relevante nos resultados do governo até agora”.

Claro que a saída de Meirelles não vai merecer aplausos de todo o PT. Mas da grande maioria, mesmo que silenciosa, certamente. Até porque é difícil negar que sua “participação relevante nos resultados do governo” foi e segue sendo de entrave.

Seja como for, o cidadão é um humorista de mão cheia. Quem mais nos faria pensar no Delfim Netto como alternativa?

Valter Pomar é secretário de Relações Internacionais do PT

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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Mudanças em Cuba?

O acesso ao celular tornou-se massificado em todo o mundo ocidental nos anos 1990. Nessa época, Cuba tinha prioridades diferentes à de proporcionar acesso ao telefone celular para a população. Segundo a UNICEF, a cada dia mais de 26 mil crianças menores de cinco anos morrem de fome ou de doenças curáveis. Nenhum cubano faz parte dessas listas.

Salim Lamrani

A imprensa tem sido prolixa com respeito às mudanças ocorridas em Cuba depois da escolha de Raúl Castro como presidente da República, e também comemorou uma eventual liberalização da economia da ilha. Mas esta realidade foi tratada, como sempre ocorre quando se fala de Cuba, de maneira superficial e errada. Seja com respeito à aquisição de aparelhos elétricos, aos hotéis ou aos celulares, as restrições que estavam vigentes até pouco tempo atrás tinham explicações racionais, mas as multinacionais da informação não abordaram nenhuma delas.

Na verdade, foi lançado um intenso debate no início do ano 2008, pouco antes da decisão de Fidel Castro de não se apresentar para a reeleição, com o objetivo de melhorar o socialismo cubano. Esse debate envolveu o conjunto da população e gerou 1,3 milhão de propostas.

OS APARELHOS ELÉTRICOS

A mídia anunciou com grande estrondo que os cubanos já eram livres para adquirir aparelhos elétricos e eletrodomésticos, dando a entender que antes a venda estava completamente proibida. Contudo, a realidade é sensivelmente diferente. A venda desses artigos jamais esteve proibida em Cuba, fora alguns produtos de informática e outros de grande consumo energético, tais como os fogões elétricos ou os microondas, em uma época em que a produção energética de Cuba era insuficiente para cobrir as necessidades da população.

Com efeito, durante o período especial, que começou em 1991, depois da desintegração do bloco soviético, Cuba ficou sozinha diante do mercado internacional e teve que enfrentar o desaparecimento de mais de 80% do seu comércio exterior e, também, o acirramento da implacável agressão econômica dos Estados Unidos. Nesse contexto extremamente difícil, a ilha do Caribe foi golpeada por fortes penúrias, particularmente quanto à energia, o que provocava longos apagões. Nessa época, as autoridades limitaram a venda de aparelhos elétricos devoradores de energia. Essas restrições estavam totalmente justificadas. De fato, teria sido irresponsável proceder de outro modo, uma vez que o sistema energético, fortemente subvencionado, poderia ter entrado em colapso.

Graças à engenhosidade dos cubanos, aos esforços que contaram com o apoio da população e às novas relações comerciais com países como a Venezuela e a China, Cuba dispõe de uma economia mais forte e conseguiu resolver seu problema energético. Graças à "Revolução energética", lançada em 2006, que consistiu em substituir as lâmpadas e os antigos eletrodomésticos, como televisores, refrigeradores, ventiladores e outros aparelhos elétricos, por produtos mais modernos cujo consumo é menor, milhões de cubanos foram beneficiados por toda uma gama de produtos eletrodomésticos novos com preços subvencionados pelo Estado, ou seja, abaixo de seu valor de mercado.

Atualmente, a economia de energia que foi conseguida permite enfrentar a demanda da população, o que explica a eliminação progressiva das restrições quanto à aquisição de novos aparelhos eletrodomésticos, computadores e outros, como reprodutores de vídeo. Assim, os cubanos têm acesso a uma seleção mais ampla de bens de consumo. Portanto, as limitações tinham como explicação apenas um fator econômico, isto é, uma produção de energia insuficiente. A imprensa ocidental não se incomodou em abordar esses elementos ao tratar do tema.

A mídia apressou-se em sublinhar, com razão, que muitos cubanos não poderiam ter acesso aos artigos à venda pelo valor de mercado devido ao seu elevado custo com respeito ao salário relativamente modesto vigente em Cuba. Não obstante, essa realidade concerne a uma parte imensa da população mundial, que vive na pobreza e cujas principais preocupações não são adquirir um reprodutor de DVD ou um microondas, mas, sim, comer três vezes por dia e ter acesso à saúde e educação, angústias inexistentes em Cuba.

Assim, segundo o último relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) sobre a insegurança alimentar no mundo, 854 milhões de pessoas em todo o planeta, entre elas 9 milhões nos países industrializados, sofrem de desnutrição. No continente americano, somente três países já alcançaram os objetivos da Cúpula Mundial da Alimentação 2015: Cuba, Guiana e Peru. Segundo a UNESCO, atualmente, um de cada cinco adultos no mundo não é alfabetizado, ou seja 774 milhões de pessoas, e 74 milhões de crianças carecem de escolas. Segundo a UNICEF, a cada dia mais de 26000 crianças menores de cinco anos morrem de fome ou de doenças curáveis, ou seja 9,7 milhões de crianças por ano. Nenhum cubano faz parte dessas listas.

As multinacionais da informação sempre evitam apresentar a realidade cubana em relação com a problemática latino-americana e do Terceiro Mundo, porque ela é edificante e leva, inevitavelmente, a fazer comparações.

OS CELULARES

O acesso ao celular também se ampliou em Cuba por diversas razões. A primeira é de ordem econômica e a segunda de ordem tecnológica. O acesso ao celular tornou-se massificado em todo o mundo ocidental nos anos 1990.

Nessa época, Cuba tinha outras prioridades diferentes à de proporcionar acesso ao telefone celular para a população. Os desafios guardavam relação com a alimentação, o transporte e a moradia. O problema alimentar atualmente foi resolvido em Cuba. No que se refere ao transporte, está sendo solucionado, principalmente graças à importação de numerosos ônibus da China. Quanto à moradia, trata-se, sem dúvida, da principal dificuldade que a população enfrenta.

Nesse caso, também não se trata de uma especificidade cubana. A realidade é a mesma em qualquer cidade do primeiro mundo, como Paris, com uma diferença: em Cuba o problema é a falta de moradia devido às sanções econômicas estadunidenses, que impedem a construção de 100000 habitações adicionais por ano, enquanto que os parisienses estão diante de uma absurda aberração. Com efeito, mais de 100000 moradias, que pertencem às classes acomodadas, estão vazias em Paris, enquanto 100000 famílias estão procurando um teto. Apesar de que existe uma lei para requisitar essas vivendas, ela nunca é aplicada pelas autoridades. Em Cuba, os cidadãos jamais aceitariam semelhante escândalo.

Na França, segundo o Ministério da Habitação, 1,6 milhão de pessoas vivem em moradias sem chuveiro ou sem banheiro. Mais de um milhão de franceses estão alojados em "situação de superpopulação acentuada", 550000 pessoas vivem em pensões, entre elas 50000 crianças, 146000 em caravanas e 86000 são "sem-teto" e moram na rua. Contudo, em torno de dois milhões de moradias estão vazias na França, 136554 delas em Paris. Outra aberração: somente 32000 moradias em Paris pagam o imposto sobre moradias vazias, quando deveria ser pago por mais de 136000. Mas as autoridades preferem fechar os olhos.

Voltando ao celular, o segundo obstáculo era uma questão tecnológica (ainda é o caso para o acesso à Internet, porque Washington impede Cuba de se conectar ao cabo de fibra óptica do Estreito da Flórida, que lhe pertence). Cuba dispõe de uma conexão por satélite limitada que, por outro lado, é extremamente cara. Essa é a razão pela qual o acesso ao telefone celular era restrito. Com a melhora da situação econômica, a oferta foi ampliada para toda a população, ainda que as tarifas continuem sendo muito elevadas. Nesse caso, ocorre a mesma coisa: apesar de que o celular está amplamente difundido no Ocidente, continua sendo um luxo para muitos habitantes do planeta.

O ACESSO AOS HOTÉIS

Quanto aos hotéis, a mídia também demonstrou parcialidade. Até 1º de abril de 2008, o acesso aos hotéis de luxo não estava proibido, como afirmou a imprensa ocidental, mas limitado. Aqui, a explicação é de ordem social e econômica.

Nos anos 1990, o ressurgimento de um fenômeno que foi erradicado quando triunfou a Revolução, em 1959, preocupava muito as autoridades: a prostituição. Para tentar conter esse problema, que surgiu das dificuldades que os cubanos tiveram que enfrentar, o governo de Havana decidiu limitar o acesso da população às infra-estruturas turísticas. Graças ao bom desempenho dos trabalhadores sociais e à melhora da situação econômica, esse fenômeno social, se bem que ainda não desapareceu completamente, foi atenuado substancialmente.

A segunda explicação é econômica. De fato, com o desenvolvimento vertiginoso do turismo, a partir dos anos 1990, a capacidade hoteleira cubana mostrou ser insuficiente para acolher ao mesmo tempo os estrangeiros e os cubanos. As autoridades privilegiaram a acolhida dos estrangeiros, principalmente na alta temporada, partindo de um raciocínio econômico: um turista cujas demandas de veraneio não fosse possível satisfazer gastaria seu dinheiro fora do país, o que geraria um capital ocioso significativo para a economia do país. Em compensação, a pequena categoria de cubanos que possui os recursos necessários para pagar por um hotel de luxo gastaria seu dinheiro em outros setores, mas ele ficaria no país.

A imprensa ocidental também ficou apenas nas tarifas relativamente proibitivas para o cubano médio. Segundo a Associated Press, são pouquíssimos os cubanos que podem pagar por um quarto que custa 173 dólares por noite no hotel "Ambos Mundos" (quatro estrelas) da Havana Velha, um dos estabelecimentos turísticos mais prestigiosos da capital, que era o preferido de Ernest Hemingway. E tem razão. Mas a imprensa esquece, mais uma vez, de mencionar que o acesso a um quarto de um hotel de renome é um luxo para todos os habitantes do Terceiro Mundo e para uma ampla categoria de cidadãos que vivem em países desenvolvidos. Apenas como comparação, quantos franceses, por exemplo, podem pagar por um quarto de 730 euros (o mais barato) no Ritz (cinco estrelas) de Paris?

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA?

Será que essas reformas levam para certa liberalização da economia cubana? Seria um erro pensar isso. É preciso lembrar que nos anos 1980 os cubanos tinham acesso com abundância aos bens de consumo. Trata-se simplesmente de que estão suprimindo restrições que já não têm razão de ser. Outras deveriam vir a seguir, muito em breve. Assim, o governo decidiu alugar terras ociosas para pequenos produtores privados com a finalidade de aumentar a produção agrícola, no momento em que os preços das matérias-primas atingiram picos históricos.

As verdadeiras mudanças em Cuba ocorreram em 1959 e a ilha está em constante evolução desde essa data. Lá, a crítica é constante e basta ler a imprensa nacional para ficar convencido disso, especialmente os jornais Juventud Rebelde e Trabajadores, cujo tom é extremamente incisivo e sem concessões. Há uma vontade política inegável, entre os altos dirigentes, de promover o debate. A própria filha de Raúl Castro, Mariela Castro, sexóloga que defende os direitos das minorias gay e lésbica, advogou em favor do "socialismo, porém com menos proibições". Mas a mídia finge não perceber esta realidade.

Contrariamente ao que pretendem – e esperam – as multinacionais da informação, Washington e a União Européia, os cubanos não voltarão para uma economia de mercado, senão que vão continuar se esforçando na construção de um socialismo moderno, mais justo e mais racional.

Fonte: Agência Carta Maior

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quarta-feira, 4 de junho de 2008

COLÉGIO CENECISTA SANTANA REALIZA SEMANA DO MEIO AMBIENTE

Localizada a 210 Km da capital, Maceió, Santana do Ipanema se destaca pela caracterização de paisagem típica de caatinga e por apresentar em sua Geografia uma das mais importantes bacias hidrográficas de Alagoas, a do Rio Ipanema. É neste contexto que, o Colégio Cenecista Santana vem realizando desde a última Segunda-feira várias atividades referente à Semana do Meio Ambiente que foi idealizada a partir do momento degradante em que passa o rio Ipanema, maior inspirador para realização da mesma.

Com o tema “As mudanças climáticas e o aquecimento global” os discentes com a orientação da Diretora, Professora Roseli, das Coordenadoras, Professoras Pauliny Ferreira e Ana Marluce e dos professores de Geografia e Biologia, Tiago Sandes e Márcio, respectivamente, vêem produzindo trabalhos que recolocam em discussão o atual quadro das questões ambientais no Brasil e no Mundo.

Durante a abertura da Semana do Meio Ambiente na última segunda-feira, estudantes do 7º ano apresentaram uma encenação retratando o processo histórico da produção espacial brasileira e como a visão do acúmulo e do lucro geraram o processo degradante no mundo contemporâneo. A apresentação de painéis na terça-feira, a palestra com o professor Henrique Costa, doutorando em ciências florestais e professor da UNEAL, e a blitz em frete o Colégio para distribuição de mudas e panfletos, deram prosseguimento a programação que irá se estender até hoje, dia 5 de Junho, com um ato público na sementeira para plantio de mudas, data em que se comemora o dia mundial do meio ambiente.

Segundo o professor de Geografia, Tiago Sandes, esse momento está sendo um “divisor de águas” para a comunidade estudantil, no sentido de que, a partir de uma visão mais ampla e definida do processo em que o meio ambiente se insere hoje, eles terão uma concepção em torno do que é se desenvolver sem o pleno planejamento voltado para a sustentabilidade ambiental.

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