A temática que será abordada no 3º bimestre segue a linha de debate e enfrentamento da crise ambiental desencadeada pela crise capitalista, denominada de "Mundial". O tema dinamizará as questões econômicas, sociais e ambientais dentre os diversos olhares que polarizarão uma visão ampla e definida das questões pertinentes a contemporaneidade.
O que é um ambiente?
O que é uma crise ambiental?
A resposta a essas perguntas provém da ecologia. Para qualquer espécie viva o ambiente é a inter-relação com o meio abiótico e com as outras espécies vivas. Entre esses três grupos, espécie, meio abiótico e outras espécies, estabelece-se uma
inter-relação de dependência dinâmica. Qualquer espécie extrai recursos do meio e gera dejetos. Quando a extração de recursos ou a geração de dejetos é maior do que a capacidade do ecossistema de reproduzi-los ou reciclá-los, estamos frente à depredação e/ou poluição, as duas manifestações de uma crise ambiental.
Por outro lado, qualquer ecossistema tem uma certa capacidade de carga de uma espécie. Isto é, ele pode manter e reproduzir um certo número de indivíduos. Quando a população cresce demais, rompendo o equilíbrio dinâmico do sistema, se produz uma crise ambiental.
É comum extrapolar esses raciocínios para a sociedade humana e a crise ambiental contemporânea. Alguns autores falam da “marca d’água” que os navios possuem para assinalar que a sociedade humana, se produzir além de um certo nível, corre o risco de sobrecarregar o ecossistema e afundar. Ou falam da produção ilimitada da sociedade industrial em direta oposição aos recursos materiais finitos do planeta Terra, fazendo menção explícita à depredação e poluição da natureza. Não obstante essas extrapolações resultarem atrativas, são equivocadas. Perdem de vista a especificidade humana.
Para qualquer espécie, a relação com o seu meio ambiente é basicamente a que ela estabelece em bloco com o meio abiótico e com o resto das espécies vivas, como uma interdependência dinâmica. Com a espécie humana o mesmo não ocorre. Uma sociedade humana não estabelece relações com seu entorno na forma de bloco, e sim em grupos e
classes sociais, e de maneira desigual. Nas demais espécies vivas as diferenças individuais não se acumulam para formar classes distintas. Cada geração deve começar do zero.3 Pelo contrário, os seres humanos acumulam a informação extra-corporal em instrumentos, utensílios, espaços construídos, etc. Mas esta acumulação não é da sociedade como um todo mas de cada classe social que transmite às gerações seguintes
aquilo que conseguiu. É uma diferença no acesso aos recursos naturais virgens ou àqueles transformados pelas gerações passadas. Para a espécie humana, então, o ambiente não é só a inter-relação com o meio abiótico e os demais seres vivos, como acontece com as outras espécies. Existem ambientes diferentes para cada classe social, constituídos em primeiro lugar pelas restrições impostas pelas outras classes sociais da mesma espécie humana: só a parir destes condicionantes é que se estabelecem os relacionamentos com os outros seres vivos e o material
abiótico.
Quando lemos que a causa da crise ambiental é a sociedade industrial como um todo, porque é a indústria, per se, quem polui ou depreda, não podemos mais nos surpreender pelo alto conteúdo ideológico da proposta. Esse ponto de vista considera a sociedade capitalista como sendo homogênea, semelhante a qualquer outra espécie de animais. Claro que o argumento de que a sociedade capitalista também poluía e depredava é atrativo, mas é enganoso. As conseqüências podem ser semelhantes, mas as causas também podem ser diferentes, Duas pessoas podem apresentar uma urticária, uma por ter ingerido um alimento indigesto, outra pelo contato com a planta da urtiga. O fato de tanto a sociedade socialista quanto a capitalista depredarem e poluírem não significa que o façam devido às mesmas forças. Nesse sentido a identidade é enganosa: iguala as manifestações sem prestar atenção às diferentes causas. Neste momento não analisaremos estas diferenças,. Mas consideraremos uma manifestação da crise ambiental exclusiva da sociedade capitalista, como também é exclusiva a causa que a provoca. Isto demonstrará, sem deixar dúvidas, a responsabilidade das relações sociais (no caso as capitalistas), e não da indústria em geral, para com a crise
ambiental contemporânea.
Guillermo Foladori
Professor visitante da Universidade Federal
do Paraná
Boa Prova!
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Prova Temática será aplicada quarta, dia 30
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