A intensa participação de diversos movimentos, instituições, pastorais e partidos na construção das marchas estaduais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 1997, constatou a capacidade de reorganização da esquerda em busca de uma maior unidade na luta. O processo de construção das marchas resultou na realização de uma primeira Conferência em Itaici, com objetivo de sistematizar as idéias e propostas surgidas durante as marchas no sentido de questionar o rumo de uma esquerda institucional e propor o resgate dos valores e práticas militantes rumo à revolução brasileira, bem como constituir as bases teóricas para um Projeto Popular para o Brasil.
Nos setores populares que não perderam o seu horizonte de esperança, em especial nos movimentos populares, iniciou-se um novo processo que permitiu que não fossem absorvidos pela lógica eleitoral que hegemonizou a esquerda. Segundo Marta Harnecker, desenvolveu-se na chamada esquerda social uma tendência para se separar dos atores políticos tradicionais ou renovados e para rejeitar o âmbito político como tal. Tais setores podem ter dois destinos: “esgotar-se numa introversão corporativa ou exprimir uma nova maneira de fazer política popular recompondo o tecido social a partir da base e articulando-se sob a forma horizontal e em profundidade”. Não é casual que a iniciativa da Conferência de Itaici, em 1997, onde surge a Consulta Popular, tenha sido da direção do MST. Sobrevivendo ideologicamente à grande crise do início dos anos 90, o MST se converte em principal referência da esquerda social. Uma referência de ousadia, radicalidade e valores. Ao se consolidar enquanto uma experiência que se fundamenta no trabalho de base, que desenvolve lutas de massa e forma novos quadros, o MST se transforma numa referência para os setores mais conscientes que não aceitavam a lógica pragmática dos limites institucionais, em especial entre a juventude. Na Consulta Popular se aglutinaram militantes de movimentos sociais que não aceitavam a lógica da política imposta pela esquerda eleitoral. A proposta organizativa do Movimento Consulta Popular nunca foi uma contraposição aos movimentos sociais existentes. Ao contrário, sempre se definiu como um instrumento de articulação dos lutadores e lutadoras do povo que propõe contribuir para mudar o padrão da luta de classes, incorporando no projeto político o ensinamento de Florestan Fernandes: “Frente à intolerância das classes dominantes contrapor a intransigência das classes oprimidas”.
Leia na íntegra o texto de Ricardo Gebrim, de novembro de 2005.
http://www.consultapopular.org.br/sobre/o-movimento-consulta-popular/
sexta-feira, 10 de abril de 2009
O que é o Movimento Consulta Popular?
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