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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pesquisa do Ipea aponta pobreza marcante em Palmeira dos Índios


Palmeira dos Índios, com 9.800 famílias pobres para uma população de 72 mil habitantes é o município alagoano com maior numero de pessoas na pobreza, segundo um estudo feito e divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O cálculo de 4 pessoas por cada família – usual em modelos desse gênero de pesquisa – mostra que aproximadamente 40 mil palmeirenses, isto é, mais da metade da população está mergulhada nesta condição. A cima disso estão os municípios de Arapiraca, que tem 27.800 famílias pobres para 208 mil habitantes e que, proporcionalmente, tem menos pobres que Palmeira; e Maceió que tem 95 mil famílias pobres para uma população de 924 mil habitantes, tendo menos pobres, proporcionalmente, que Palmeira ou Arapiraca.

O estudo inédito do Ipea destina-se a fazer um “raio x” da presença do Estado em toda a União, estados e municípios. Pretende responder aonde é que o Estado está presente ou não. As áreas estudadas são previdência social, assistência social, saúde, educação, trabalho, bancos públicos, infra-estrutura, segurança pública e cultura. As conclusões permitem o conhecimento das deficiências e características de cada local e do conjunto. Por exemplo: quase 3 mil municípios não possuem agências de bancos públicos federais. Cerca de 80 municípios não possuem escola municipais. O SUS – Sistema Único de Saúde, por meio de estabelecimentos ambulatoriais, está presente em todo o território nacional, com exceção de apenas dois municípios. O Ipea pesquisou cada um dos 5.564 municípios.

No livro a ser lançado pelo Ipea com essas informações, intitulado: Presença do Estado no Brasil: Federação, Suas Unidades e Municipalidades, todos os 1.792 municípios nordestinos são mapeados. Segunda região mais populosa do Brasil, segundo o estudo, é possível encontrar aí informações sobre a quantidade de funcionários em cada município, alunos matriculados, atendimentos feitos pelo SUS, população, área territorial... Trata-se de um vasto e detalhado banco de dados.

Em Alagoas, os 102 municípios mapeados, apresentaram uma população de 3 milhões, 128 mil habitantes com 408 mil famílias pobres. Mantido o cálculo de 4 pessoas por família, os pobres de Alagoas somam pouco mais que 1 milhão e 600 mil pessoas, a metade dos habitantes de Alagoas. Uma das características reveladas é uma certa constância da proporção entre a pobreza e o outro lado da sociedade. Atalaia, por exemplo, com 52 mil habitantes tem 6.400 famílias pobres. Campo Alegre, com 46.700 habitantes tem 6.300 famílias pobres. Coruripe, com 53 mil habitantes tem 6.700 famílias pobres. A tendência, entretanto, é sempre que a metade ou mais da população seja pobre. Girau do Ponciano, por exemplo, para 36 mil habitantes tem 5.300 famílias pobres o que dá em torno de 60% de pobres. Limoeiro de Anadia para 26 mil habitantes tem 4300 famílias pobres também em torno de 60%.

No caso de Palmeira dos Índios a situação não é muito diferente do que ocorre noutro Estado. A particularidade está em que é uma progressiva deterioração do sistema econômico que responde pela crescente marginação dos palmeirenses. No ano passado, por exemplo, o valor total dos benefícios pagos pelo sistema previdenciário aos palmeirenses chegou aos 104 milhões de reais durante todo o ano. Isto equivale a quase duas vezes ao Orçamento do Município em que a Prefeitura tem que gerir para o mesmo ano de 2008. E é igual ao orçamento para 2010. A conclusão é que aposentados, pensionistas e sub-assalariados (já que a prática do salário inferior ao mínimo está altamente disseminada), respondem pelo fluxo econômico principal de Palmeira. As poucas indústrias, sem uma política econômica voltada para promovê-las e a omissão da prefeitura no encaminhamento das questões pertinentes ao desenvolvimento econômico, ajudam a manter o marasmo que envolve o município. A situação encontra um símbolo perfeito para representá-la na constituição da nova Ong anunciada pela Diocese para o município: trata de uma instituição para cuidar apenas da pobreza, dos que ficaram à margem de tudo. Noutros termos: há pobres demais. E eles enchem hospitais e postos de saúde, e as filas do Bolsa Família e os recintos da igreja, e as esquinas das ruas, claro, terminando nas Ongs e no desespero público.

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