Milton diante do prédio de geografia e história da USP, onde ingressou por concurso em 1983 (foto: Jorge Maruta/Agência USP)
Numa poltrona do Hotel Nacional de Salvador Milton Santos recebeu um conselho que talvez tenha selado seu futuro. O amigo Aziz Ab'Sáber (foto) acreditava que, como ele próprio fizera, Milton se dedicava demais a questões teóricas. Aconselhou-o a se ater à análise -- estudo de casos e regiões. À questão de Milton sobre que tema abordar, Ab'Sáber deu uma resposta fundamental para a projeção do colega: por que não estudar o centro urbano de Salvador?
Junto a um grupo de universitários e um professor paulistano, Milton empreendeu a pesquisa sobre Salvador, que redigiu e apresentou com sucesso como tese de doutorado na Universidade de Estrasburgo (França) em 1958. De volta ao Brasil, permaneceu na Universidade Federal da Bahia(UFBA) onde fundou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais.
Acompanhou o presidente Jânio Quadros em viagem a Cuba como jornalista e foi nomeado representante da Casa Civil na Bahia, com poder paralelo ao do governador. Despedido da UFBA à época do golpe de estado, Milton esteve preso por 3 meses em um quartel de Salvador, onde agressões físicas quase lhe custaram um olho. Só foi libertado após um princípio de infarto.
Partiu para o exterior a convite de amigos franceses. Por 13 anos lecionou na França, Canadá, Reino Unido, Peru, Venezuela, Tanzânia e EUA. Segundo o próprio Santos, o "exílio voluntário" afastou-o do Brasil -- até então objeto principal de seus estudos, que eram sobretudo empíricos. O
interesse por questões teóricas cresceu até o retorno ao Brasil em 1977.
Um de seus maiores desejos era tornar-se professor na Universidade de São Paulo (USP), onde ministrava aulas como visitante. Ab'Sáber lecionava na USP e garante ter feito o que pôde para satisfazer a vontade do baiano. Milton só ocuparia uma vaga após a aposentadoria de Ab'Sáber.
Ao se aposentar compulsoriamente aos 70 anos -- fato que o contrariou --,tornou-se o primeiro negro a obter o título de professor-emérito da USP. No seu aniversário, geógrafos de vários países participaram de um simpósio organizado pela professora Maria Adélia de Souza, que reuniu os depoimentos na obra Cidadão do Mundo.
Milton Santos faleceu aos 75 anos a 24 de junho de 2001 após uma semana de internação em decorrência de um câncer de próstata diagnosticado em 1994. Desde então, o professor intensificara seu trabalho. No ano em que faleceu publicou O Brasil, obra que considerava síntese de suas idéias. Preparava um livro sobre Salvador, que reuniria pesquisas feitas na juventude e
reflexões recentes. Estruturava também O mundo pós-globalização - o período popular da história.
Milton deixou esposa -- Marie, uma aluna francesa dos tempos da Sorbonne -- e filho -- Rafael, que nasceu pouco após o falecimento do primogênito Miltinho. Na 53a reunião da SBPC, em julho de 2001, estava programada uma homenagem ao professor, mas a idéia foi abandonada com a notícia de seu falecimento. Inconformado, Ab'Sáber convocou alunos e amigos para realizar uma
homenagem improvisada mas emocionante.
Raquel Aguiar
Ciência Hoje/RJ
dezembro/2001
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Cidadão do mundo - Exílio voluntário afastou Milton de questões empíricas e ampliou debate teórico (3ª Parte)
Ecossocialismo: possível consequência futura dos nossos atos de hoje
Do blog Bioconsciente
Caros amigos, coloco aqui questões que possivelmente influenciarão o nosso futuro e o futuro dos nossos descendentes: a intervenção do Estado no modo de vida da população por motivos ecológicos. Por favor, não confundam o que aqui chamo de “Ecossocialismo” (que não é uma ideia minha, mas uma ideia já discutida há algumas décadas) com a intervenção econômica e social realizada pelo Estado conhecida mundialmente como “Socialismo”. Na verdade, o que desejo é demonstrar possíveis acontecimentos futuros que poderão ocorrer se a Educação Ambiental (discutida no post anterior) não for suficientemente eficiente para que nós controlemos a destruição do planeta que vem acontecendo há séculos. Por motivos óbvios é que chamo tanto a atenção para nossos atos individuais, pois estes poderão ser a origem de um futuro menos livre. Colocarei abaixo alguns pontos que penso serem bem possíveis de ocorrer.1 – os filhos – a crise ambiental que estamos vivendo na verdade é fruto de uma crise populacional mundial. Atualmente há mais seres humanos no planeta que sua capacidade de suporte (em ecologia designada pela letra “K”), além disso, a superpopulação mundial hoje vive de forma não sustentável. Pela soma desses dois fatores, no meu entendimento, os Estados deverão impor medidas para o controle de natalidade, o que já ocorre na China. Penso ainda que esta medida deveria ser tomada em países como o nosso antes de sentirmos os impactos que fizeram com que a China tomasse tal medida;
2 – quotas – por motivos palpáveis há a possibilidade de no futuro termos quotas de luz elétrica, de água encanada, combustíveis automotores e quem sabe até de alimentos, isso tudo por um motivo visível: a escassez destes recursos no futuro;
3 – o transporte coletivo – possivelmente por uma questão de emissão de gases poluentes e pela frota incabível de veículos os governos poderão adotar medidas para incentivar cada vez o uso de transportes coletivos. Tais medidas poderão ser pedágios para veículos com apenas um passageiro ou a quota de combustível por veículo, como já foi dito;
4 – apartamentos versus casas – a tendência futura é que cada vez menos as pessoas possam ter casas e cada vez menos as casas sejam grandes, isto porque com uma superpopulação crescente a necessidade de áreas urbanizadas para habitação cresce e com isso áreas rurais passam a ser urbanizadas (isso é notável em cidades em expansão), logo, com o aumento da população, demanda maior de alimentos e redução de áreas rurais agricultáveis as áreas preservadas serão o alvo para produzir alimentos e com isso naturalmente o desmatamento ocorreria. Diante disso, para se evitar ainda mais o desmatamento, casas e mansões num futuro próximo serão escassas;
5 – bens tecnológicos – a aquisição desenfreada de bens tecnológicos é tão impactante que possivelmente também teremos quotas para a aquisição de celulares novos, câmeras, computadores, entre outros, já que atualmente utilizamos determinados bens tecnológicos como se fossem descartáveis;
6 – a questão da obesidade – no futuro é possível que o Estado adote medidas para evitar a obesidade na população por um motivo claro: um obeso consome mais alimento, mais produtos de higiene, mais água, mais tecidos para roupas, etc. Acredito que tais medidas poderão ser no âmbito educacional e clínico para evitar a obesidade e diminuir os índices de pessoas nesta “categoria”, como também medidas mais drásticas como preços de passagens diferenciadas ou tributações diferenciadas para roupas tamanho GG. Acredito que estas seriam as medidas mais difíceis, pois haveria aí um grande dilema envolvendo a discriminação e um bem maior envolvendo toda a população humana.
7 – a dificuldade de fazer festas – imaginemos uma sociedade com quotas para inúmeros bens de consumo. Então quem deixaria de se alimentar bem o mês todo para fazer comemorações, ou quem deixaria de ter seu banho com água quente ou usar sua TV para fazer festas com grandes sons como temos hoje?
É importante dizer que estas são apenas algumas situações futuras que poderemos viver se não mudarmos nossos costumes e que coloco aqui algumas poucas possibilidades de intervenções do Estado, porém sei que estas não acontecerão de uma hora para outra, mas sim gradativamente.
Por fim, gostaria de deixar aqui alguns questionamentos para nós refletirmos um pouco.
Esse é o futuro que você deseja para você e sua família? Você já tinha pensado nessas possibilidades para o futuro? Quais outras medidas poderão ser tomadas de acordo com seu modo de ver? Será que tais medidas realmente são possíveis? O que cada um pode fazer individualmente para evitar este futuro?
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
China supera Japão como 2ª potência econômica mundial
Economia japonesa cresceu 3,9% em 2010, segundo dados desta segunda.
No quarto trimestre, PIB encolheu 0,3%.
A economia japonesa registrou crescimento de 3,9% em 2010, conforme informaram autoridades do governo nesta segunda-feira (14). Com o resultado, o país acabou perdendo o posto de segunda maior economia mundial para a China, que, no mesmo ano, viu seu Produto Interno Bruto (PIB) crescer 10,3%.
"Como nação vizinha, saudamos a rápida progressão da economia chinesa", declarou Kaoru Yosano, ministro delegado japonês de Política Econômica e Orçamentária. "Isto pode ser o sustento de um desenvolvimento da economia regional, ou seja, a Ásia oriental e do sudeste", completou, antes de afirmar que deseja melhorar as relações entre Japão e China no campo econômico".
O PIB do Japão chegou a US$ 5,4742 trilhões, segundo os dados divulgados em Tóquio, e o governo destacou que o da China alcançou a US$ 5,8786 trilhões. O PIB do Japão encolheu 0,3% no quarto trimestre em relação ao anterior, pouco menos que a queda de 0,5% prevista pelos mercados, mas ainda a primeira contração em cinco trimestres.
A contração anualizada foi de 1,1%. Analistas culpam a redução do consumo após o fim de incentivos do governo a carros de baixa emissão de carbono em setembro.
O investimento privado no Japão subiu 0,9% na comparação trimestral, menos que o ganho de 1,5% registrado entre julho e setembro.
Analistas disseram que a alta dos gastos de capital pode não levar a um gasto maior do consumidor, com as empresas relutantes para aumentar os salários devido à competição mundial.
O fim de incentivos do governo a eletrodomésticos com baixo consumo de energia também pesou sobre o consumo, que caiu 0,7% em relação ao trimestre anterior, quando o consumo cresceu 0,9%.
A demanda externa, ou exportações líquidas, tiraram 0,1 ponto percentual do PIB, com a alta do iene frente ao dólar prejudicando as exportações no período.